quarta-feira, dezembro 28, 2016

8 livros fundamentais para quem quem quer escrever quadrinhos

Minha ausência é justificável. Além do Garatujas Aleatórias, estou me dedicando a um projeto autoral e inédito para mim: escrever um roteiro para quadrinhos. Uma coisa é usar a língua para transmitir a mensagem; outra é unir texto e imagens para esse mesmo fim. Por isso reuni algumas indicações de livros para beber da melhor fonte. Não li todos ainda, mas qualquer um que queira se meter a roteirista de HQs precisa ler pelo menos dois ou três livros dessa lista abaixo.

Desvendando os quadrinhos, Scott McCloud

Scott McCloud é um dos principais defensores, atualmente, da ideia de que os quadrinhos são uma forma literária. Claro que isso não é novidade, Watchmen, publicado na década de 80, é um exemplo clássico da sofisticação literária da banda desenhada. Em 1993, McCloud destruiu de vez qualquer estigma de 'entretenimento barato' que os quadrinhos ainda poderiam carregar. Desvendando os quadrinhos é o primeiro título de uma trilogia que pode ser considerada um bastião dessa arte. O livro analisa a forma artística e a funcionalidade do formato, define elementos básicos e revela a maneira como a mente processa a linguagem. Além disso, aspectos menos gerais, como a influência do tempo nas histórias, as interações entre quadros e palavras e narrativas também fazem parte do escopo do livro. Como bônus, McCloud faz uma análise do processo criativo. Leia mais 

Relacionamento é isso aí

            Antigamente, bastava ter um bom produto a um bom preço para vender bem. Hoje, com a grande concorrência, é necessário segurar o consumidor, até porque o preço para manter um cliente é cinco vezes menor que o custo para conquistar clientes novos. Para isso, é necessário criar um bom relacionamento não só com quem compra seu produto, mas também com a comunidade a sociedade de modo geral. Não é à toa que a responsabilidade social tem sido a palavra da moda.
            Um reflexo disso é o Festival Internacional de Publicidade de Cannes, que premia as melhores campanhas publicitárias do mundo. No ano de 2009, todas as campanhas premiadas tinham alguma preocupação social.
            O fotógrafo e publicitário Olivero Toscani, responsável pelas campanhas da Benetton, defende que o marketing deve expressar uma mensagem social. Sua campanha contra o racismo foi proibida na África do Sul na época do Apartheid e chamou atenção para a situação dos negros nesse país. Ao mesmo tempo em que essa campanha gerou um buzz marketing para a marca Benetton, ela também chamou atenção da comunidade internacional para a questão do racismo. Em 2008, trabalhando para a No-l-ita, ele fez uma campanha para alertar contra os perigos da anorexia. Dois outdoors com fotos de uma modelo anoréxica foram colocados em várias cidades italianas, gerando uma grande polêmica e chamando atenção da imprensa. A modelo deu várias entrevistas falando sobre como a indústria da moda acaba provocando essa doença em muitas meninas que sonham em ser como as modelos.

            O sucesso de tais ações mostram que, hoje, relacionamento é tão ou mais importante que o produto que está sendo vendido. 

Capitão América 88


Vender não é empurrar o produto para o consumidor

Durante muito tempo acreditou-se que vendedor bom era aquele capaz de vender qualquer coisa, mesmo que o cliente não estivesse precisando. Dizer que alguém vendia até “geladeira para esquimó” era um elogio à capacidade de argumentação e convencimento do vendedor. Mas será que vender o que o consumidor não precisa é, de fato, uma boa venda?
Tentar vender algo que o consumidor não precisa acaba por reforçar a imagem negativa que as pessoas em geral têm a respeito do trabalho dos profissionais de vendas. E essa imagem o mercado não quer mais. 
Não existem fórmulas mágicas, mas algumas dicas são essenciais para vendedores:
1.   Por mais desesperado que o vendedor seja, não deve pressionar o cliente. Frases como: “Me ajuda, leva aí, vai!” ou “É o último do estoque, mais tarde pode ser que eu já tenha vendido!” podem destruir uma venda. Forçar a venda não dá resultados. Um caso curioso foi um e-mail que recebi de uma pessoa tentando me vender um livro. Depois de muitos pontos de exclamação e muitos auto-elogios, a pérola: "Compre logo. Só restam quatro exemplares na loja tal. E estão vendendo tantos que a loja já pediu um caminhão cheio de livros!". Além da óbvia bobagem, demonstrada pela contradição (para que vou me apressar a comprar o livro, se vai chegar mais um caminhão repleto desses mesmos livros?), o tom apelativo e nitidamente mentiroso, só faz com que o consumidor desconfie, 
2.   Não grude. Consumidores precisam de espaço para se sentir confortáveis. Fique por perto, coloque-se à disposição, mas não vire a sombra de ninguém. É desagradável e pode dar a entender que você está desconfiando do cliente.
3.   Tenha uma boa higiene. Nunca é demais lembrar o quanto é desagradável aquele cheiro de camisa mal-lavada, desodorante vencido ou, pior, mau hálito.
4.   Atenha-se às necessidades do cliente. Tudo bem tentar aumentar o valor do cheque, mas oferecer coisas que ele notadamente não precisa é exagero e não é uma atitude profissional.
5.   Preste atenção ao que o consumidor não diz. As pessoas emitem vários sinais corporais para manifestar os sentimentos. Se o seu cliente cruzou os braços no meio da sua argumentação de vendas é porque está na hora de mudar de estratégia.

Características de vendedores

CARACTERÍSTICAS POSITIVAS
Escuta mais do que fala.
Demonstra como o produto satisfaz as necessidades.
Mantém uma boa relação com o cliente.
Sabe responder a objeções e perguntas dos clientes.
Resume os benefícios antes do fechamento.

CARACTERÍSTICAS NEGATIVAS
Fala mais do que ouve.
Não faz perguntas ao cliente.
Não relaciona o produto com as necessidades.
Não lida bem com objeções.
Conta vantagens
Para vender seu produto, fala mal dos produtos concorrentes

Demonstra muita intimidade. 

Francisco Iwerten, Orson Welles e o filme do Batman

Welles foi recepcionado com festa no Rio de Janeiro. 

Qual a relação entre Orson Welles, diretor de Cidadão kane e o quadrinista curitibano Francisco Iwerten? 

Ambos fizeram parte do programa de boa-vizinhança, criado pelos EUA para aproximar a América Latina dos americanos e evitar que países como o Brasil entrassem na guerra ao lado do Eixo. 

Iwerten foi para os EUA, Orson Welles veio ao Brasil. Aqui ele filmou "È tudo verdade", nunca lançado. 

Posteriormente Welles veio a fazer sua própria versão do Batman, igualmente nunca lançada (mas trechos podem ser encontrados no Youtube). 

Há quem diga que foi Iwerten quem sugeriu ao amigo Bob Kane convidar Welles a fazer uma versão sombria do Homem-morcego. 

Heróis da TV 47


O Fantasma


Lee Falk foi o primeiro rotei­rista importante dos quadri­nhos. Antes dele já existiam outros como Dan Moore e Das­hiel Hammett que, no entanto, não assinavam seus trabalhos. Já Lee Falk era um pai coruja: Fa­zia questão não só de assinar suas criações, como exigia controle to­tal sobre elas. Uma das poucas vezes em que ele perdeu esse controle foi quando o Fantasma passou a ser publicado no Brasil com a cor vermelha substituindo o azul ori­ginal — isso aconteceu porque a história chegou ao Brasil sem re­ferência de cor e o vermelho pos­sibilitava uma melhor reprodução para as obsoletas máquinas tupiniquins (aliás, essa mudança de cor aconteceu em diversos países justamente pela falta de referência de cores).
O primeiro personagem de Lee FaIk foi o mágico Mandrake, em 1934. Desenhado por Phil Da­vis, Mandrake era um mágico ra­cional, inspirado fisicamente no próprio Falk. O personagem, sempre envolvido em aventuras detetivescas, conquistou o público e é publicado até hoje. O grande sucesso de Falk, entretan­to, seria o personagem Fantas­ma, criado em 1936 e desenhado por Ray Moore.
O que diferencia o Fantasma de outros personagens é o seu ca­ráter de mito. Sua história pare­ce uma daquelas remotas lendas passadas de pai para filho: no ano de 1525 o único sobrevivente de um ataque pirata faz um jruamento: "Juro que dedicarei toda minha vida à tarefa de destruir a pirataria, a ganância, a crueldade e a injustiça. E meus filhos e os filhos de meus filhos me perpetuarão". Ele passa a usar, então, uma máscara e roupa colante e a perseguir malfeitores. Como o jura­mento valia também para seus descendentes, o povo da selva começou a pensar que o herói era imortal. Esse aspecto da tira deu um significado maior à história, tornando-a mitológica por excelência.  
“O espírito que anda” teve o mérito de ser o primeiro herói de quadrinhos a usar máscara e ma­lha colada ao corpo. Nesse senti­do, todos os super-heróis devem a ele o seu visual. Na primeira his­tória o personagem usava tam­bém uma luva, que abandonou devido à inconveniên­cia de ter de tirá-la toda vez que quisesse deixar a marca do Fantasma em um malfeitor.
O primeiro desenhista a ilus­trar o personagem foi Ray Moo­re. Seu traço sombrio ajudou a criar o clima de mistério que en­volve até hoje o herói mascarado.
    Fantasma de Ray Moore era atlético e sensual, com um forte toque “noir” realçado pelo som­breado pesado. Nenhum outro ar­tista conseguiu manter o nível de Moore, que desenhou o persona­gem de 1936 a 1942.
A partir de 1942, seu assisten­te Wilson McCoy pegou o perso­nagem. A princípio, McCoy seguiu a linha de Moore, tentando manter o nível de qualidade, mas com o tempo começou a ca­ricaturar os personagens dando a impressão de que as tiras eram feitas às pressas. Com a morte de McCoy, em 61, o Fantasma pas­sou a ser desenhado por Sy Barry, de traço bastante impessoal. Is­so deve ter ajudado para que ele tivesse uma multidão de assisten­tes - que muitas vezes faziam tu­do na história, tendo Sy Barry só o trabalho de assinar, quando muito.
Em 1977 o Fantasma se casou. A história, embora seja assinada por Sy Barry, foi desenhada pelo brasileiro André LeBlanc, que no Brasil foi um dos principais ilustradores dos livros de Monteiro Lobato, mas foi para os EUA, onde se tornou assistente de Will Eisner no Spirit antes de se juntar à equipe que ilustrava o Espírito que anda.
Lee Falk sabia que os detalhes fariam com que seu personagem ganhasse um aspecto de mito e não economizou neles, a começar pelos apelidos que o povo da floresta dão ao personagem, tais O Espírito-que-anda, o Homem que nunca morre, o Guardião das Trevas Orientais e outros. Os ditados referentes ao personagem também ficaram famoso: “O Fantasma é violento com os violentos”, “Dá medo ver o Fantasma enfurecido”, “O Fantasma atira mais rápido que o olhar”. Os símbolos também ajudam a compor a aura do personagem, como a caverna da caveira (local de sua moradia) e os anéis. O anel da caveira, usado na mão direita, marca os malfeitores, enquanto na mão esquerda fica um anel com a marca de proteção. Aqueles que têm essa marca serão sempre protegidos pelo personagem. Outros destaques são os companheiros animais do personagem, o lobo Capeto e cavalo branco Herói.

No Brasil o personagem fez muito sucesso nas década de 1940 e 1950, contribuindo para que seu editor, Roberto Marinho, ficasse rico o suficiente para montar uma emissora de TV, a Rede Globo. Atualmente, no Brasil, ele tem um público pequeno, mas fiel. Entretanto, em outros países, como a Austrália e a Escandinávia, ainda é o herói de quadrinhos de maior sucesso. Recentemente a revista do personagem alcançou o número 1.500, um recorde mundial. 

Promoção de vendas: programas de fidelidade

Os programas de fidelidade têm como objetivo, por meio da oferta de incentivos, conseguir que o consumidor permaneça fiel à marca durante um longo tempo. É uma estratégia muito usada, especialmente em mercados muito concorridos, e tem a vantagem de dar algo para o cliente, sem, no entanto, tirar o foco da fidelidade à marca.
Existem empresas que se firmaram no mercado graças aos programas de fidelidade, como a TAM, que premia com milhas seus clientes fiéis. Essas milhas depois dão direito a passagens aéreas.
Mas não é necessário ser uma grande empresa para implementar um programa de fidelidade. A mercearia de bairro pode, por exemplo, cadastrar seus clientes e dar prêmios de acordo com a quantidade comprada. Com isso, o dono garante que seus clientes farão de tudo para comprar só ali, pois sabem que serão recompensados por isso.

Mas cuidado: os prêmios devem ser atrativos. Não faça o cliente comprar durantes meses para ganhar uma escova de dente. 

terça-feira, dezembro 27, 2016

Morre Carrie Fisher, a Princesa Leia de Star Wars

Carrie Fisher no traço de João Ovitzke, artista responsável pela capa do meu livro O uivo da górgona. O ilustrador postou a homenagem hoje em seu perfil no Facebook. 

Carrie Fisher, atriz que interpretou a Princesa Leia na saga "Star Wars", morreu aos 60 anos. A notícia foi confirmada à revista "People" por um representante da família, Simon Halls. "É com grande pesar que Billie Lourd [filha de Carrie] confirma que sua amada mãe, Carrie Fisher, morreu às 8h55 desta manhã. Ela era amada pelo mundo e sua ausência será profundamente sentida. Nossa família agradece pelos pensamentos e orações". Leia mais

Concursos e sorteios

Os concursos e sorteios se diferenciam pelo fato de que, no concurso, o consumidor precisa realizar uma atividade para ganhar. No sorteio, ele conta apenas com a sorte.
            Os concursos são muito mais difíceis de operacionalizar do que os sorteios, mas, se bem feitos, costumam virar uma febre. Todo mundo se lembra, por exemplo, do Show do Milhão, em que consumidores de produtos (Nestlé, cartões Bradesco) tinham que responder perguntas para poder concorrer a até um milhão de reais.
            Há algum tempo a rádio Joven Pan promoveu o concurso “Faça uma loucura pela Joven Pan”, o que levou a diversas ações de divulgação de sua marca, gerando uma bela mídia espontânea.
            Atualmente, em tempos de internet e de marketing viral, muitas empresas estão fazendo concursos em que os consumidores são estimulados a fazer vídeos sobre o produto. Os vídeos mais criativos ganham os prêmios e tornam-se virais.
            Um aspecto importante tanto nos concursos quanto nos sorteios é que o consumidor deve visualizar o prêmio. Colocar o prêmio na frente do ponto de venda já virou praticamente padrão nesse tipo de promoção, mas uma empresa de Belém (PA) inovou, colocando os vários carros que seriam prêmios para seus clientes pendurados por um guindaste na área. Isso gerou grande interesse por parte da clientela e até mesmo um buzz marketing. Afinal, todo mundo queria ir lá ver os tais carros pendurados por um guindaste.

            Um detalhe importante tanto sobre concurso como sobre sorteios: eles devem ser registrados na Receita Federal, até para que seja providenciado o pagamento de impostos dos prêmios. 

Superaventuras Marvel 25


Príncipe Valente

    
O Príncipe Valente surgiu no do­mingo de 13 de fevereiro de 1937. O seu criador, Hall Foster, entretanto, o havia imaginado desde 1934, quando fazia as historias de Tarzan para a United Features Syndicate. Em 1936 ele ofereceu à distribuidora seu personagem medieval. Mas United queria que ele fizesse uma tira diária e, caso tivesse sucesso, passaria a uma página dominical colorida. Foster, de traço muito detalhado para tiras diárias, preferiu apresentar seu personagem à concorrente King Features Syndi­cate , a mesma que publicava o Flash Gordon de Raymond.
    A KFS aceitou na hora e, fevereiro de 1937 saia a primeira prancha de Príncipe Valente. O personagem deveria se chamar Arn, mas a distribuidora achou que Valente teria um maior impacto nas vendas. Foster aceitou, mas posteriormente deu o nome de Arn ao filho do protagonista.
    Príncipe Valente se passava numa Idade Média romântica, dos tempos do Rei Arthur. Assim, o jovem príncipe, descendente de um trono que foi tomado pelos bárbaros, vive várias aventuras até chegar a Camelot, tornando-se um dos membros da Távola Redonda. A pesquisa histórica é impressionante. Foster comprava livros e percorria museus, coletando informações sobre as roupas, costumes e arquitetura da época. Apesar de, visualmente, a história ser uma reprodução fiel do período histórico, Foster não se prendia à cronologia. Cavaleiros medievais conviviam com soldados romanos e até com dinossauros.
    Para não perder nada de seus desenhos detalhistas, Foster não usava balões. A narrativa e os diálogos eram acomodados abaixo dos quadros. Apesar disso, o autor explorou bem a linguagem dos quadrinhos, com seqüências dinâmicas poucas vezes vistas. Se o desenho está entre os melhores já surgidos nas histórias em quadrinhos, o texto não ficava atrás. Sem cair na redundância, eles complementavam perfeitamente as imagens.
A qualidade da historieta era tão notória (tanto em termos de desenho, quan­to de texto) que Príncipe Va­lente foi uma das poucas HQs poupadas pela caça aos quadrinhos da década de 50.
Príncipe Valente foi o primeiro personagem de quadrinhos a envelhecer, na proporção de um ano para cada dois anos dos leitores. Ele se casou, teve filhos e o príncipe Arn já é, hoje, mais velho do que seu pai era quando começaram as aventuras.

As pranchas de Príncipe Valente foram publicadas em álbuns luxuosos pela Editora Brasil-América – Ebal – com grande sucesso e essa coleção está sendo relançada pela Opera Graphica. Não existe colecionar sério de quadrinhos que não tenha pelo menos um livro dessa obra-prima em sua estante.

Calendário Capitão Gralha

Fanarte feita pelo artista curitibano Cleverson Sauerbier (atentem para os pinhões ao fundo).

Dr. Estranho - Shamballa

Escrita por JM De Matteis e com forte inspiração no zen-budismo, é uma das melhores histórias do mago supremo.

Promoção de vendas: brindes

Os brindes são uma estratégia promocional de grande valor para o público-alvo. Bem escolhido, o brinde encanta e faz o consumidor comprar mais. Afinal, a palavra “grátis” tem um grande apelo. Todo mundo gosta de ganhar coisas, nem que seja uma lembrancinha.
O fascínio dos brindes não é algo racional, afinal eles muitas vezes representam financeiramente uma parcela muito pequena do que está sendo pago pelo produto. Uma concessionária de automóveis, por exemplo, deu carrinhos de seus modelos clássicos para seus clientes e conseguiu aumentar as vendas. Se formos comparar o preço dos carrinhos com o do carro, o valor financeiro do brinde é mínimo, mas ainda assim o impacto sobre as vendas foi grande.
Os brindes apresentam um fascínio emocional, motivando ações que poderiam ser consideradas infantis, como de colecionar coisas (por essa razão é muito comum os brindes serem colecionáveis, com uma variedade grande de modelos).
Além do apelo ao consumidor, o brinde é um tipo de promoção de vendas que agrega valor à marca. Isso porque os melhores brindes são aqueles que exibem a marca da empresa para diversas pessoas. A Coca-Cola foi uma das primeiras empresas a perceber isso. Dessa forma, ela sempre dava como brindes coisas que as pessoas olhavam: calendários, espelhos, bandejas. Não é à toa que a marca Coca-Cola é a mais valiosa do mundo.
Embora os brindes sejam uma ótima forma de agradar o consumidor e, ao mesmo tempo, divulgar a marca da empresa, um brinde mal-escolhido pode provocar estragos irreversíveis, arranhando, inclusive, o posicionamento da empresa.
Ficou famoso um episódio do programa de TV O Aprendiz em que os grupos precisavam fazer uma promoção de vendas para o iogurte Activia. Um dos grupos escolheu dar um chapéu de cowboy e um ingresso para o touro mecânico. Um verdadeiro mico, já que o público-alvo do Activia são mulheres acima de 25 anos, a maioria das quais não se interessa por rodeios. Além disso, e se uma das consumidoras se machucasse no touro mecânico? O dano para a marca seria monstruoso.
Outros exemplos: uma panificadora deu como presente de final de ano um cinzeiro para seus clientes (vamos analisar: cigarro e pão não combinam, certo?); um dentista deu cigarros para seus clientes (incentivando-os a fumarem e, portanto, ficarem com os dentes amarelos).
Já exemplos positivos existem aos montes nas mais variadas áreas de atuação. Uma lavadora de carros pode, por exemplo, dar um cheirinho com a logo da empresa. Toda vez que o cliente sentir o cheiro agradável lembrará da empresa. Um pediatra dava para suas pacientes um livrinho com informações úteis para mães de primeira viagem. Uma faculdade dava agendas para os alunos que pagavam a mensalidade em dia.
A Coca-Cola talvez tenha os melhores exemplos de brindes que viraram febre, como o ioiô ou as garrafinhas. Outro produto que tem se destacado pelos brindes é o Nescau Cereal, que se tornou o mais vendido da atualidade, transformando-se numa verdadeira febre entre jovens e crianças. Na época do lançamento do filme Speed Racer, em 2008, as embalagens traziam miniaturas dos carrinhos dos filmes. Muitos pais tiveram que comprar várias caixas para completar a coleção. 

segunda-feira, dezembro 26, 2016

Promoção de vendas: redução de preços

A redução de preços é o tipo mais famoso de promoção de vendas e também o mais perigoso. Mais de um mercado já foi estragado porque as empresas começaram uma guerra de preços, diminuindo suas margens de lucro até o ponto em que não havia mais como permanecer no mercado.
Além disso, o consumidor tem mais resistência a uma alta de preço do que é favorável a uma redução. Ao terminar a promoção, o consumidor pode achar que está havendo um aumento de preço. Para evitar que isso aconteça, duas medidas são aconselhadas: a primeira delas é criar uma perspectiva de preço. Assim, coloca-se o preço normal, geralmente cortado por um X e o preço promocional, em destaque. Outra opção é usar as expressões “De” e “Por”. Por exemplo: “De R$20,00 por R$ 15,00”. Essa estratégia tem a vantagem de criar uma perspectiva de qualidade. Se 20 reais for um preço alto, típico de produtos de boa qualidade, o consumidor acredita que está ganhando cinco reais.

Outra atitude importante é deixar bem claro até quando vai a promoção, dando ou uma data ou usando a expressão “Até quando acabar o estoque”.  

Dez dicas para roteiristas de quadrinhos


1 - Não leia só quadrinhos. Um bom roteirista de quadrinhos lê de tudo: livros, revistas, jornais etc.
2 - Não leia só quadrinho americano ou japonês. Argentina, Inglaterra, França, Itália e Brasil são países que produzem ótimas HQs, que você deve conhecer.
3 - Sempre pesquise. Se sua história é sobre um advogado, pesquise livros jurídicos, pesquise sobre como funciona a justiça. Se for sobre o Egito, procure livros de história. 
4 - Não tente contar a história do universo. Comece com histórias curtas.
5 - Faça com que seu roteiro seja agradável para o desenhista. Se for necessário contar uma piada para que a leitura do roteiro seja mais agradável, conte.
6 - Imagine a cena visualmente antes de escrevê-la. Se houver mais de uma ação, divida em mais de um quadrinho.
7 - Produza. Seu texto só vai melhorar se você produzir continuamente.
8 - Use como referência grandes roteiristas, mas aos poucos busque estabelecer um estilo próprio.
9 - Não seja um colonizado. Esqueça Nova York. Faça histórias sobre sua realidade. Se o leitor viver a mesma realidade que você, a identificação será mais fácil.
10 - Seja obetivo. Não encha os balões de texto desnecessário. Nunca diga com o texto algo que o desenho já está dizendo.

Revista 2000 AD

Revista 2000 AD, publicada na década de 1970. Foi nessa revista que surgiu o famoso anti-herói Judd Dreed. Mas nessa primeira versão o astro era o personagem clássico de FC Dan Dare (que cheguei a escrever em uma versão mais recente). 

Promoção de vendas: amostras

Existem muitos tipos de promoções. Na verdade, a quantidade e a variedade de promoções é limitada apenas pela imaginação do varejista, fabricante ou fornecedor de serviços. Mas existem algumas ferramentas básicas.
Uma delas é a amostra. Nesse caso, o cliente é estimulado a experimentar o produto. É o caso, por exemplo, da simpática moça que distribui biscoitos para os clientes do supermercado. Mas a amostra não precisa ser apenas de produtos alimentícios. O teste drive de um carro é uma amostra. Afinal, o consumidor está utilizando o produto e percebendo suas qualidades.
A amostra é especialmente aconselhada no caso daqueles produtos cujas qualidades são difíceis de ser expressas com palavras ou imagens. Como explicar para um consumidor o gosto inovador de um salgadinho? Como mostrar para ele o quanto um xampu deixa os cabelos sedosos?
Quando o produto é desconhecido pela maior parte do público, um bom caminho é dar uma amostra para o público-alvo.
No final dos anos 1990, a maioria da população brasileira não tinha nem ideia do que era internet. Para eles, tanto fazia ter internet ou não ter, já que não conheciam seus benefícios. Nessa época, a UOL começou a distribuir seus CDs promocionais, que davam um mês de internet grátis. Ao final de um mês a grande maioria dos consumidores já estava tão impressionada com o novo mundo oferecido pela net que simplesmente continuavam como assinantes. O resultado disso: o UOL se tornou o maior provedor do país.
São necessários alguns cuidados na distribuição de amostras. O primeiro deles: o consumidor não deve ser pressionado. Ele não deve sentir que está recebendo alguma coisa, mas em troca terá que comprar algo a seguir. Frases do tipo: “Vai só comer de graça e não vai levar?” deveriam ser riscadas do vocabulário dos promotores de vendas. A ideia é exatamente oposta. O consumidor deve ficar tão encantado com a qualidade do produto, que decide comprar por livre e espontânea vontade.
            Aliás, a simpatia dos promotores é um item essencial no sucesso desse tipo de promoção. Alguns são tão simpáticos, tão cordiais que agregavam valor ao produto, incentivando o cliente a comprar.
Outro item importante é a qualidade do produto. Distribuir amostras de um produto ruim é um suicídio comercial. Se durante o mês de uso gratuito da internet a pessoa tivesse problemas de conexão, ela nunca se tornaria assinante do UOL.
Também se deve atentar para a forma de distribuir amostras. Pode-se contratar uma promotora ou uma empresa especializada, que já tem diversas promotoras em sua folha de pagamento. Pode-se encartar a amostra na publicidade de jornais e revistas (como fazia o UOL) ou encartá-lo num produto de sucesso da empresa. Por exemplo, a empresa já tem um macarrão campeão de vendas, então pode encartar um sachê de molho de tomate nas embalagens desse macarrão. O consumidor vai adorar e, se o molho for bom, irá se tornar cliente.

Uma forma pouco aconselhada de distribuir as amostras é entregá-las aos varejistas. Muitos deles simplesmente vendem as amostras, acabando com todo o esforço promocional. 

Pancada

Pancada foi uma revista da editora Abril lançada no rastro do sucesso da MAD, da Vechhi, que era editada pelo Ota. 

Flash Gordon


Buck Rogers, Dick Tracy e Tarzan causaram uma verdadeira revolução nas histórias em quadrinhos. O clima de aventura, o desenho realista e os cenários gran­diosos conquistaram os leitores.

Já não havia mais lugar para as tiras cômicas e um dos maiores syndicates da época, o King Features Syndicate entrou em desespero: Fazia-se urgente encontrar alguém que trabalhasse tão bem com a aventura quanto a con­corrência.

Para isso foi instituído um concurso interno. Quem acabou ganhando foi um ex-oficce-boy da empre­sa. Seu nome era Alex Raymond e seu personagem era Flash Gordon, um dos maiores sucessos da época.

          A história estreou num domingo, 7 de janeiro de 1934. Os leitores americanos abriram seus jornais e tive­ram um grande impacto. Lá es­tava um herói novo, diferente de todos os outros que o haviam an­tecedido. Era a primeira história de Flash Gordon, de Alex Ray­mond. De lambuja, vinha como complemento o personagem Jim das Selvas - também com dese­nhos de Raymond.

Flash Gordon veio para re­volucionar o conceito de aventu­ra. Nela predominava a imaginação: moças bonitas, homens-leão, povos submarinos, princesas estelares, vilões insa­nos e um herói ariano (exemplo perfeito de conduta e boas inten­ções) conviviam numa mesma pagina.

Flash Gordon não para­va. Mal conseguia se livrar de monstros pré-históricos e caia nas mãos de um imperador tirâ­nico. Era como se estivesse pas­sando por um eterno teste de provas.

A historieta - que tinha ro­teiros anônimos de Don Moore - tornou-se um sucesso absoluto de vendas. O traço forte e elegante de Raymond conquistou os leitores e conseguiu dar ao personagem uma imponência que ninguém nunca mais conseguiu.

Flash Gordon surgiu para concorrer com o grande campeão de vendas da época, Buck Ro­gers, mas com o tempo, Flash ultra­passou de longe o seu concorrente do século XXV. Praticamente junto com Flash Gordon, Raymond desenhou dois outros persona­gens nos moldes dos que já faziam sucesso na época: Jim das Selvas (baseado em Tarzan) e Agente Se­creto X-9 (para concorrer com Dick Tracy).

“Agente Secreto X-9” era de autoria do famoso escritor policial Dashiel Hammet e transmitia o clima de tensão que os gángsters impri­miam aos anos 30. Detalhe: esse trabalho de Hammet geralmente não aparece nas biografias do es­critor.

Já Jim das Selvas era, a principio, uma espécie de aventureiro, um caçador intrépido enfrentan­do todos os perigos da selva. Com o tempo, Jim começou a se envol­ver em tramas internacionais, mas nem por isso perdeu sua força.

Alex Raymond foi um dos maiores desenhistas dos quadri­nhos. O seu traço elegante in­fluenciou toda uma geração. Os seus persona­gens, entretanto, não tiveram muita sorte.

Depois da morte de Raymond, no final dos anos 40, Flash Gordon ainda passou por um bom momento no início da década seguinte nas mãos de Dan Barry (desenhos) e Harvey Kurtzman (roteiro). Mas, assim que Kurtzman saiu do roteiro a história perdeu muito do caráter onírico que tinha no início.

O grande seguidor au­têntico de Raymond a ilustrar seus personagens  foi All Williamson, que desenhou três números da revista do Flash Gordon e a tira do Agente Secre­to X-9 durante 13 anos.

Além do ótimo desenho e das tramas de matinê, terminando sempre em suspense, Flash Gordon é lembrado também pelas antecipações. Foi nessa história em quadrinhos que apareceu pela primeira vez a mini-saia, o raio laser e o forno microondas. Em um de seus boletins oficiais, a NASA admitiu que os quadrinhos do personagem foram usados para solucionar problemas de aerodinâmica dos primeiros foguetes espaciais norte-americanos.

Flash Gordon também foi a grande fonte de inspiração para outra grande saga moderna: os filmes da série Star Wars. Como não conseguiu autorização para filmar o personagem, George Lucas criou a série Guerra nas Estrelas baseada em Flash Gordon.


Tudo em promoção

A promoção é a parte do mix promocional que cria incentivos para que o consumidor compre. A propaganda também faz isso, mas ela costuma levar muito tempo para fazer efeito. A promoção, ao contrário, tem resultados imediatos. Uma promoção bem feita enche a loja.
Mas antes de sair por aí fazendo promoções, é bom saber que elas também têm seu lado negativo. O primeiro deles: os resultados duram pouco tempo. Além disso, podem diminuir as vendas dos meses seguintes.
Alguns analistas acreditam que a ênfase nas promoções, que ocorreu no Brasil no final dos anos 1990, ensinou o consumidor a procurar sempre o preço mais baixo ou o produto em promoção, tirando o foco da fidelidade à marca.
As promoções de vendas também não são uma fórmula mágica para o sucesso. Elas só funcionam se o restante do mix de marketing estiver ok. Não adianta, por exemplo, fazer uma promoção de um produto de qualidade inferior, cujas vendas estão em queda justamente por isso. A promoção só vai fazer com que mais e mais pessoas descubram o quanto o produto é ruim. A promoção também não compensa uma equipe de vendas maltreinada, pouco simpática, que não conhece o produto. Se com a loja vazia os seus vendedores já são um desastre, imagine com a loja cheia por causa de uma promoção!
Por outro lado, as promoções de vendas podem fazer muitas coisas:
  • Estimular o entusiasmo da equipe de vendas para um produto novo ou melhorado;
  • Revigorar as vendas de um produto já estabelecido no mercado;
  • Facilitar o lançamento de novos produtos no mercado;
  • Conseguir mais espaço para o produto no ponto de venda, aumentando a chance de o consumidor visualizá-lo;
  • Neutralizar a publicidade e a promoção de venda da concorrência;
  • Levar o consumidor a provar um produto novo no mercado;
  • Estimular compras repetidas;
  • Aumentar a comercialização do produto, estimulando o consumidor a estocar;
  • Reforçar a publicidade.

As promoções de vendas não precisam ser direcionadas apenas para o consumidor final. Muitas empresas fazem promoções para vários tipos de públicos ao mesmo tempo: o varejista, os funcionários e o consumidor. Com isso, consegue-se o empenho e o interesse de todas as partes envolvidas, obtendo sucesso.

Em alguns casos, isso se torna extremamente necessário. É o caso dos concursos. Por regra, os funcionários e seus parentes não podem participar e isso pode causar desestímulo entre os funcionários, que se sentem discriminados. Para evitar isso, a empresa pode lançar um concurso apenas para eles. 

domingo, dezembro 25, 2016

Xuxulu não está dormindo


Catálogo dos super-heróis brasileiros

O Catálogo dos Super-heróis brasileiros é uma publicação seriada de Lancellot Martins que, ao final, irá se tornar uma verdade enciclopédia de personagens brasileiros. No primeiro número um dos destaques da capa é o Capitão Gralha. Criado por mim e por mais oito quadrinistas curitibanos na década de 1990, o Capitão Gralha é, provavelmente, o mais longevo caso de fake nos quadrinhos (um exemplo mais recente e bem menos duradouro foi o personagem Sentry - O Sentinela, da Marvel). Para os que quiserem adquirir, pedidos podem ser feitos através do e-mail: scanscomics@gmail.com. 

Xuxulu deseja a todos um feliz Natal!


Slogan

O slogan é uma frase curta que identifica e apresenta as qualidades de um determinado produto ou empresa. É extremamente útil como propaganda. Alguns tornaram-se tão poderosos que entraram para a linguagem popular. É o caso do “Não é uma Brastemp”, usado normalmente para designar coisas e até pessoas com pouca qualidade. Outro exemplo é o slogan “Mil e uma utilidades” do Bombril, que caiu no gosto popular.
Uma dica para fazer o slogan é usar o mínimo de palavras – um ótimo slogan deve ser sintético. Prova disso é o “Sempre Coca-Cola”. A rima ajuda a fixar a frase na mente do consumidor (“Se a marca é Cica, bons produtos indica”), mas tem sido substituída pela aliteração, que consiste na repetição de fonemas, geralmente no início das palavras. É um ótimo recurso de memorização. Exemplo: “Viaje bem, viaje Vasp”. A aliteração está na letra V. O anúncio da Caixa Econômica Federal, usando aliteração, ficou muito famoso e é lembrado até hoje: “Vem pra Caixa você também... vem!”.

Além do slogan, podem ser usados outros elementos, como jingles e mascotes. 

Feliz Natal!


Como Fazer um Anúncio

A regra número 1 na hora de fazer o anúncio é: use ideias simples. Em vez de “este sabão em pó é o único que tem na fórmula nitrato de petacomboreno”, use “Este sabão deixa as roupas mais brancas”.  Em vez de “o atual governante não está mantendo em equilíbrio o orçamento do estado, prejudicando o desenvolvimento da região”, use  “O atual governante não sabe administrar” ou “O atual governante está desviando o dinheiro que deveria ser usado para melhorar a sua vida”.
            Use uma ideia de cada vez. Se um produto traz vários benefícios, não se deve mostrá-los todos ao mesmo tempo, o que confundiria a cabeça do eleitor. A regra é: cada anúncio deve passar apenas uma mensagem, da maneira mais simples possível. Monte o anúncio a partir de uma ideia-chave relacionada ao benefício oferecido com o uso do produto. Por exemplo: durante muito tempo, o Omo era mostrado como um produto que limpava mais com menor quantidade de produto. A calça US TOP era vendida como sendo a mais durável. Mesmo quando a empresa não existia mais, as pessoas continuaram associando a marca à durabilidade.
            Use a emoção. A campanha bichinhos Parmalat fez tanto sucesso porque apelava para o instinto materno das mulheres. A campanha Dove pela real beleza apelava para a autoestima das mulheres ao dizer que deixava bonitas mulheres reais, e não supermodelos.


            Outra estratégia muito usada é mostrar como funciona. São famosos os anúncios de xampus que mostram o produto entrando na raiz do cabelo e rejuvenescendo-o. Em seguida, é mostrada uma mulher com cabelo absolutamente lindo. 

Feliz Natal!


sábado, dezembro 24, 2016

O Homem que inventou o Natal


A imagem que se tem hoje do Natal é nitidamente influenciada pelas histórias de Charles Dickens, em especial nos contos Os carrilhões e Canção de Natal.
Canção de Natal foi adaptado para todas as mídias possíveis, a exemplo do filme com Jim Carrey no papel principal. Era a história de um homem avaro que, visitado por três fantasmas na noite de natal, um do passado, outro do presente e um do futuro, acaba descobrindo que o sentido da vida não se limita ao dinheiro. A história de terror é um hino sobre o verdadeiro significado do natal.
A influência dessa história pode ser sentida até nos quadrinhos Disney: o Tio Patinhas é uma versão do personagem. Seu nome em inglês é McScrooge, uma referencia direta ao protagonista de Canção de Natal.
Em Os carrilhões um pobre homem de recados é fascinado pelos sinos da igreja (os carrilhões do título) e sente como se eles o estimulassem a continuar vivendo apesar da pobreza e das dificuldades que ele e a filha enfrentam. No período de natal, ele deixa de acreditar nos sinos e se desespera. Mas serão os sinos que irão lhe mostrar como seria a vida de todos os outros caso ele morresse. Dickens, um cristão convicto, deixa sua mensagem: até o mais humilde dos homens é importante nesse mundo.
O conto, embora não seja creditado, nitidamente serviu de base para A felicidade não se compra, filme de Frank Capra que se tornou símbolo do Natal. Durante anos era uma das atrações obrigatórias na televisão na época das festas. Seu enredo: um homem afundado em dívidas pensa em se matar, mas um anjo lhe mostra que a vida de toda uma cidade estaria muito pior sem ele.
Só esses dois exemplos mostram o quanto a obra de Dickens povoou o imaginário ocidental.
Antes de se tornar um dos maiores escritores ingleses de todos os tempos, Dickens teve uma infância pobre. Seu pai foi preso por dívidas e ele experimentou na pele todas as dificuldades do período da revolução industrial na Inglaterra, uma época em que poucas famílias faziam fortuna à custa da miséria de milhões de pessoas, que viviam em condições sub-humanas, trabalhando até 14 horas por dia em troca de um salário que mal dava para a alimentação.
O rapaz conseguiu sair da miséria graças a sua verve humorística. Depois de ser explorado num trabalho em que sua função era pregar adesivos em latas de graxa, Dickens tentou estudar, mas a péssima condição financeira de sua família o levou a abandonar a escola. Para tentar ganhar um pouco mais de dinheiro, o futuro escritor aprendeu estenografia e passou a trabalhar para o jornal True Sun anotando as reuniões parlamentares e campanhas eleitorais. Era um trabalho difícil, muitas vezes chato, e que o obrigava a viajar pelas cidades do interior e muitas vezes ficar sem comer. Mas Dickens compensava isso anotando casos pitorescos e divertidos.
Um dia ele tomou coragem e enviou uma crônica humorística anônima ao Monthly Magazine. O texto não só foi publicado, como foi lido com avidez e mostrou que o autor tinha talento. o sucesso fez com que ele escrevesse uma série de outras crônicas para o jornal londrino mais popular da época, o Morning Chronicle. Foi quando um famoso desenhista, , propôs realizar uma série de desenhos humorísticos satirizando a política local. Os editores lembraram de Dickens para escrever as legendas, mas este propôs que fosse feito o oposto: que os desenhos ilustrassem seus textos.
O resultado foi as aventuras de mister Pickwick, uma série que despertou pouco interesse no início, mas virou febre quando Dickens introduziu na história o criado de Picwick, Samuel Weller. O sucesso é total e representa uma virada na carreira profissional de Dickens.
Mas os anos de pobreza permearam quase todo o seu trabalho posterior. Oliver Twist, um dos seus primeiros sucessos, conta a história de um pobre órfão explorado e maltratado por aquelas pessoas que deveriam cuidar de sua proteção. Emblemática a cena em que ele, no asilo, é sorteado pelas crianças para pedir um pouco mais de comida. O cozinheiro toma o pedido como um desacato, uma insubordinação, pois significa que os cálculos das autoridades sobre quanto cada criança deveria comer estava errado. A ironia de Dickens faz do romance uma obra-prima universal.
Essa ironia, colocada a serviço da crítica social, vai permear quase toda a sua obra. Em David Coperfield são mostrados os maus tratos sofridos pelas crianças e o encarceramento por dívidas. O romance é considerado por muitos como uma espécie de autobiografia romanceada.
Publicados em folhetins em jornais londrinos, os textos de Dickens fizeram chorar e rir. Encantaram milhões de pessoas e moldaram o imaginário popular, em especial sobre o natal. Sua importância pode ser percebida não nos prêmios que recebeu ou nos livros que vendeu, mas numa história singela. Dizem que ao receber a notícia de que o escritor havia morrido, uma pobre menina, vendedora de flores na porta de um teatro indagou: “Papai Noel também morreu?”.

Feliz Natal!


quinta-feira, dezembro 22, 2016

Feliz Natal!


Mídias

Mídias são os meios de comunicação de massa usados para divulgar os anúncios. Cada mídia tem características e linguagens diferentes, que devem ser respeitadas.  É famoso o caso de um candidato que aproveitou para o rádio uma propaganda de TV que dizia: “Como se pode ver no gráfico...”. Seu esquecimento de que no rádio as pessoas não podem ver gráficos fez com que ele se tornasse motivo de piada entre os eleitores.
A televisão é a extensão do ouvido e do olho. As informações são fragmentadas e não há necessidade de linearidade. Em 1965, um operador de VT da rede americana NBC trocou os rolos de um filme e a história ficou fora de sequência. Surpreendentemente, ninguém percebeu. Se fosse em um cinema, todos perceberiam, mas, quando se assiste à televisão, a maioria das pessoas está dispersa e espera informações fragmentadas. Isso reforça o fato de que o telespectador é desatento, pouco concentrado e quer diversão. Na TV a publicidade deve apelar para a emoção, ser rápida e divertida. A televisão é a mídia mais cara e, por isso, a mais perigosa. Um anúncio de televisão deve ser muito bem pensado, inclusive em termos de segmentação, para evitar prejuízos.
Já o rádio usa o ouvido. Essa mídia permite uma maior participação do ouvinte e uma maior interação deste com o locutor. O locutor é visto como um amigo íntimo. Assim, muitas vezes, quando ele anuncia um produto, não parece propaganda, mas o conselho de um amigo. O anúncio em rádio tem preço baixo e permite selecionar o público-alvo. Por exemplo, quem trabalha com roupas para jovens pode patrocinar um programa de rock.
Mas atenção: há programas para escutar e ouvir. Programas para ouvir são como músicas de fundo. As pessoas simplesmente ligam o rádio e fazem suas tarefas diárias. Nesse tipo de programa, o ideal é veicular mensagens simples e breves, jingles e slogans, por exemplo. Nos programas para escutar, a figura muda um pouco. Eles são feitos para as pessoas pararem seus afazeres e prestar atenção ao que está sendo passado, como os programas jornalísticos. Permitem também campanhas mais elaboradas. A fala do locutor, reforçando a publicidade, é fundamental, pela intimidade que ele tem com o ouvinte.
Também é importante distinguir rádio AM de FM. A rádio AM tem um estilo mais lento e é mais ouvida no meio rural. As rádios FM costumam ter um ritmo mais rápido e são geralmente ouvidas nas áreas urbanas e por jovens.
            As revistas usam os olhos e o tato. Destacam-se pela duração (uma revista pode ser colecionada ou repassada a outras pessoas). Leitores de revistas costumam ser fiéis e isso é bem representado pelas assinaturas. Nas revistas os anúncios concorrem não só com outros anúncios, mas também com as matérias, por isso devem ser particularmente atraentes e chamarem a atenção do leitor. Pelas características do meio, as propagandas permitem um maior aprofundamento e mais textos (observe a diferença entre as propagandas de carros na TV e nas revistas e veja que as de revistas trazem muitos mais detalhes). 
Os jornais são considerados um meio mais efêmero que a revista, afinal, poucas pessoas colecionam jornais. O anúncio deve ser atraente, mas geralmente tem menos opções criativas que as revistas (como uso de cores e fotos). Funciona bem em lançamentos de campanhas, pois os anúncios bem feitos confundem-se com a notícia: a inauguração de um shopping, por exemplo, pode dar origem a um informe publicitário, que apresenta características comuns com as matérias.
Ainda não se sabe exatamente quais as características e qual o alcance da internet como veículo de propaganda. No entanto, a internet é a mídia que mais cresce no mundo. No Brasil, até há pouco tempo, o número de internautas dobrava a cada ano.
Sabe-se que os usuários entram na internet em busca de diversão e interatividade, razão pela qual os chats estão sempre cheios. Propagandas criativas, que estimulem a interação são bem-vindas. Além disso, produtos que patrocinam sites com os quais o público se identifica também são uma boa opção. A internet permite ainda o mailing list, possibilitando uma comunicação direta e rápida com o consumidor. Mas evite o spam. Ele geralmente depõe contra a empresa, já que são propagandas ou comunicações feitas sem muito critério. O ideal é colocar no site da empresa um link para cadastro de pessoas que quiram receber informações sobre a empresa e seus produtos. 
Bons sites  de empresas devem oferecer serviços, e não ser um simples catálogo de produtos. Assim, um site de uma livraria pode trazer artigos e crônicas de seus autores, sites de cereais podem trazer informações nutricionais ou de esportes, sites de vendas de carros podem trazer curiosidades sobre os carros, informações para colecionadores etc. Na internet, quanto mais interatividade com o usuário e informações melhor.
Os blogs são uma forma rápida de comunicação com o público-alvo. Em 2009, o blog da Petrobras chamou muita atenção, virando inclusive notícia na mídia. Muitas empresas e profissionais estão usando também o Twitter para vender seus produtos, com bons resultados. Também é interessante incentivar e monitorar a mídia espontânea, ou seja, a situação em que o próprio internauta divulga a empresa ou seus produtos. Além disso, as redes sociais – como Orkut e Twitter – podem ser usados para diagnosticar a opinião dos internautas sobre produtos e empresas.
Os impressos, como cartazes, panfletos e folders, são a mídia mais efêmera e mais facilmente descartada. Cartazes funcionam bem e são vistos por várias pessoas. A percepção das informações é mais importante em um cartaz que a estética. Geralmente as pessoas visualizam um cartaz à distância de dois metros ou mais. Assim, ao fazer um, afaste-se alguns passos e tente identificar as informações. Se houver informações demais ou elas não estiverem claras a tal distância, o ideal é refazer. Panfletos têm pouca durabilidade e são facilmente jogados fora, mas são muito baratos e funcionam bem como apoio de campanhas.
Os folders permitem o aprofundamento do assunto, com exposição detalhada das características do produto. Quem pega o folder está interessado no produto. A capa é elemento essencial: ela deve ser chamativa, deve apresentar uma proposição ao consumidor que o leve a abrir e ler o folder. Alguns exemplos de textos de capas de folder: “A sorte vai sorrir para você” (título de capitalização Banespa); “Seu telefone acaba de ser promovido” (Telemar); “Nem Nostradamus previu. Como você poderia?” (Folder do Banespa sobre as precauções que o banco estava tomando para evitar o bug do milênio); “Se por mais leve que seja a comida, parece que você comeu um boi inteiro... conheça algumas dicas que vão ajudar você a viver melhor” (folder de orientação sobre dispepsia funcional); “Dona Marta começou a aplicar no novo OuroCap para reformar a lanchonete da filha” (OuroCap Banco do Brasil); “Descubra as vantagens que mais de 500.000 assinantes já descobriram” (SKY). Como se percebe pelos exemplos anteriores, o texto da capa, ou mesmo a ilustração, deve deixar o leitor curioso para ler o restante.
            O outdoor é barato e tem ampla visibilidade, mas faz parte da paisagem e pode se perder no meio de outros outdoors. Lembre-se também de que ninguém estaciona para ler um outdoor. O tempo de visualização é de alguns segundos e nesse tempo a informação deve ser passada corretamente e integralmente. Um bom outdoor deve ter fácil visualização, ter poucas informações e ter texto e imagens chamativos.
 

O soldado da fortuna


Embora Dick Tracy, Buck Rogers e Tarzan sejam considerados os inciadores dos quadrinhos de aventura, eles tiveram um antecedente nobre. Trata-se de uma tira de humor, que, com o tempo, transformou-se em uma HQ de aventura: o Capitão César, de Roy Crane.
Crane nasceu em 1901, no Texas. Aos 14 anos fez um curso de desenho por correspondência com Charles Landon. Quando terminou o ginásio, foi para a Chicago Academy of Fine Arts, onde conheceu o amigo Leslie Turner. Desgostosos com a monotomia acadêmica, os dois resolveram voltar para casa, pegando carona nos trens de carga. Essa aventura depois renderia argumentos para algumas de suas histórias.
Ele trabalhou então como repórter e depois embarcou num cargueiro para a Europa. De volta à América, resolveu criar uma tira de quadrinhos cômicos chamada Washington Tubbs (depois abreviado para Wash Tubbs), mas seu humor caipira não agradava aos editores, que o aconselharam a procurar o sindicate Newspaper Enterprise Association. Por sorte, o diretor desse sindicate era justamente o dono do curso que Crane fizera na adolescência, o que lhe valeu um contrato.
A primeira tira é publicada em 21 de abril de 1924. O protagonista era um indivíduo baixinho e de óculos, lembrando vagamente o comediante Harold Lloyd. As primeira sequências são de humor rápido com Wash trabalhando em uma mercearia e namorando a filha do patrão, mas logo Crane colocou seu herói dentro de um navio em direção aos mares do sul à procura de um tesouro.
O enfoque passa a ser, então, a aventura. Em uma de suas peripécias, o personagem resgata numa masmorra um prisioneiro, capitão Easy. Ele se alia ao protagonista e os dois começam a viver grandes aventuras juntos. Crane vai abandonando aos poucos não só o tom humorístico, mas também o traço caricato. Seu desenho vai ganhando um incrível tom realista, em especial pelo uso papel craftint, que permite ao autor criar texturas que ressaltam o desenho. Ninguém jamais usou essa técnica de forma tão primorosa quanto Roy Crane.
Por fim, o autor resolve se livrar o personagem humorístico, que se casa, e a tira passa a se chamar simplesmente Capitão Easy (Capitão César, no Brasil). O grande momento do personagem é durante a II Guerra Mundial. O Capitão recebe a missão de descer de paraquedas na França ocupada e resgatar um cientista preso em um campo de concentração nazista. Há alguns aspectos irreais, como o fato do alto comando Aliado escolher alguém que não fala francês para a tarefa, mas as situações de suspense e ação compensam. César entra no campo, se faz passar por prisioneiro e, finalmente, liberta o cientista, levando-o para a Inglaterra. Mas antes disso ele corre sério risco de ser descoberto pelos alemães e só a imaginação de Crane consegue livrá-lo desse sério risco.
Por ter começado como tira de humor, Wash Tubbs não é considerada a primeira HQ americana de aventura, mas sem dúvida foi a primeira que usou corretamente o gênero e foi uma das que melhor o exploraram.
Posteriormente Roy Crane foi para a King Features Syndicate, para a qual criou Jim Gordon, um aviador durante a guerra que depois se transforma em agente secreto norte-americano no período da guerra-fria. Apesar do exagerado tom ideológico, essa tira conseguiu manter o mesmo nível de qualidade de Capitão César, com os desenhos de Crane melhorando a cada ano. 

Pela qualidade da sua obra, Crane recebeu o prêmio Reuben em 1959 e, em 1974, o Yellow Kid no Salone Internazionale dei Comics em Lucca, Itália.