sexta-feira, agosto 30, 2013

A Espada Selvagem de… Thundarr, o Bárbaro!

Por Rodrigo Garrit
A animação foi produzida em 1980 para o canal ABC dos EUA. Desenvolvido por Steve Gerber (o “pai” de Howard, the Duck); tinha na equipe de criação o grande Alex Toth, que criou o visual dos heróis, e ninguém mais ninguém menos que Jack Kirby, que elaborou o visual dos vilões. Foram produzidos e exibidos apenas 21 episódios de meia hora para a série, que apesar de curta foi um dos desenhos mais bacanas exibidos nos idos anos 80. Leia mais

Lançamento em Natal do livro Grafipar - a editora que saiu do eixo

Dia 06 de setembro, às 19:00 horas, na Livraria Nobel Salgado Filho, em Natal, vai acontecer o lançamento do livro  Grafipar - a editora que saiu do eixo, com a presença do autor, Gian Danton. 

Grafipar - a editora que saiu do eixo foi um dos finalistas do Troféu HQ Mix 2013, na categoria Melhor Livro Teórico sobre Quadrinhos.


SOBRE O LIVRO

A obra, escrita por Gian Danton, é resultado de mais de 20 anos de pesquisas e conta a história dessa editora e de seu líder, o descendente de japoneses e ativista cultural da colônia nipônica Cláudio Seto, também introdutor da linguagem do mangá no Brasil.
Na década de 1970, quando o assunto sexo ainda era tabu, surgiu no Paraná uma editora especializada em erotismo, a Grafipar, que logo se destacou com seus quadrinhos nacionais, sempre misturando erotismo com gêneros como terror, ficção científica, folclore e policial.
Em pouco tempo, a editora transformou Curitiba em um ponto de referência para os quadrinhos nacionais, para onde convergiram importantes desenhistas e roteiristas, como Mozart Couto, Rodval Mathias, Watson Portela, Gustavo Machado, Vilachã, Sebastião Seabra, Fernando Bonini, Itamar Gonçalves e Franco de Rosa, dentre outros.
O livro analisa as revistas da Grafipar, suas histórias e, ainda, trata dos bastidores da “vila de quadrinhistas”, que existiu em Curitiba no início dos anos 1980.
Grafipar – A editora que saiu do eixo (formato 16 x 23 cm, 168 páginas, R$ 35,00), Editora Kalaco.

SOBRE O AUTOR
Gian Danton, pseudônimo de Ivan Carlo Andrade de Oliveira, é escritor e roteirista amapaense de histórias em quadrinhos, além de professor da Universidade Federal do Amapá.
Começou a escrever quadrinhos com a história Floresta Negra, desenhada por Bené Nascimento (Joe Bennett), e publicada na revista Calafrio (editora D-Arte). Publicou em diversas editoras, como ICEA, Nova Sampa, Metal Pesado e pela estadunidense Fantagraphics Books.
Em 1991, ganhou o prêmio Araxá como melhor roteirista. Seu trabalho mais conhecido na área de quadrinhos foi a graphic novel Manticore, que contava a história do chupa-cabra com clara influência do seriado Arquivo X e dos escritores estadunidenses de ficção científica.Essa revista ganhou os prêmios Angelo Agostini, HQ Mix e Associação Brasileira de Arte Fantástica.
Em 2010, seu conto "Casamento" venceu o I Concurso de Crônicas e Contos, organizado pela Editora Geração. No mesmo ano, ao lado do quadrinista cearense JJ Marreiro, Gian criou uma história do Astronauta para o álbum MSP+50, livro em homenagem aos 50 anos de carreira de Mauricio de Sousa.
É autor de diversos livros técnicos nas áreas de comunicação e metodologia científica, e das novelas O Anjo da Morte e Spaceballs (editora Hiperespaço) e do livro infantil Os Gatos (Editora Módulo). Tem também se dedicado ao estudo das histórias em quadrinhos, com os livrosWatchmen e a teoria do caos (Marca de Fantasia), Ciência e quadrinhos (Marca de Fantasia),  O Roteiro nas Histórias em Quadrinhos (Marca de Fantasia), e Roteiro para quadrinhos(Popmídia).
Participou das antologias Rumo à fantasia (Devir), Espectra (Literata), Fantasiando (Regência),PsyVamp (Infinitum), entre outras. É autor da série juvenil Mundo Monstro (Infinitum), e da webcomic  Exploradores do Desconhecido (em parceria com o desenhista Jean Okada). Mantém o blog Ideias de Jeca-tatu: ivancarlo.blogspot.com.

SERVIÇO

Lançamento do livro Grafipar - a editora que saiu do eixo
Quando: dia 06 de setembro
Onde: Livraria Nobel Salgado Filho (Av. Salgado Filho, 1782 - Tirol - Fone: 3613-2007)
Horário: 19:00 horas
Dia 06 de setembro, às 19:00 horas, na Livraria Nobel Salgado Filho, em Natal, vai acontecer o lançamento do livro  Grafipar - a editora que saiu do eixo, com a presença do autor, Gian Danton. 

Grafipar - a editora que saiu do eixo foi um dos finalistas do Troféu HQ Mix 2013, na categoria Melhor Livro Teórico sobre Quadrinhos.


SOBRE O LIVRO

A obra, escrita por Gian Danton, é resultado de mais de 20 anos de pesquisas e conta a história dessa editora e de seu líder, o descendente de japoneses e ativista cultural da colônia nipônica Cláudio Seto, também introdutor da linguagem do mangá no Brasil.
Na década de 1970, quando o assunto sexo ainda era tabu, surgiu no Paraná uma editora especializada em erotismo, a Grafipar, que logo se destacou com seus quadrinhos nacionais, sempre misturando erotismo com gêneros como terror, ficção científica, folclore e policial.
Em pouco tempo, a editora transformou Curitiba em um ponto de referência para os quadrinhos nacionais, para onde convergiram importantes desenhistas e roteiristas, como Mozart Couto, Rodval Mathias, Watson Portela, Gustavo Machado, Vilachã, Sebastião Seabra, Fernando Bonini, Itamar Gonçalves e Franco de Rosa, dentre outros.
O livro analisa as revistas da Grafipar, suas histórias e, ainda, trata dos bastidores da “vila de quadrinhistas”, que existiu em Curitiba no início dos anos 1980.
Grafipar – A editora que saiu do eixo (formato 16 x 23 cm, 168 páginas, R$ 35,00), Editora Kalaco.

SOBRE O AUTOR
Gian Danton, pseudônimo de Ivan Carlo Andrade de Oliveira, é escritor e roteirista amapaense de histórias em quadrinhos, além de professor da Universidade Federal do Amapá.
Começou a escrever quadrinhos com a história Floresta Negra, desenhada por Bené Nascimento (Joe Bennett), e publicada na revista Calafrio (editora D-Arte). Publicou em diversas editoras, como ICEA, Nova Sampa, Metal Pesado e pela estadunidense Fantagraphics Books.
Em 1991, ganhou o prêmio Araxá como melhor roteirista. Seu trabalho mais conhecido na área de quadrinhos foi a graphic novel Manticore, que contava a história do chupa-cabra com clara influência do seriado Arquivo X e dos escritores estadunidenses de ficção científica.Essa revista ganhou os prêmios Angelo Agostini, HQ Mix e Associação Brasileira de Arte Fantástica.
Em 2010, seu conto "Casamento" venceu o I Concurso de Crônicas e Contos, organizado pela Editora Geração. No mesmo ano, ao lado do quadrinista cearense JJ Marreiro, Gian criou uma história do Astronauta para o álbum MSP+50, livro em homenagem aos 50 anos de carreira de Mauricio de Sousa.
É autor de diversos livros técnicos nas áreas de comunicação e metodologia científica, e das novelas O Anjo da Morte e Spaceballs (editora Hiperespaço) e do livro infantil Os Gatos (Editora Módulo). Tem também se dedicado ao estudo das histórias em quadrinhos, com os livrosWatchmen e a teoria do caos (Marca de Fantasia), Ciência e quadrinhos (Marca de Fantasia),  O Roteiro nas Histórias em Quadrinhos (Marca de Fantasia), e Roteiro para quadrinhos(Popmídia).
Participou das antologias Rumo à fantasia (Devir), Espectra (Literata), Fantasiando (Regência),PsyVamp (Infinitum), entre outras. É autor da série juvenil Mundo Monstro (Infinitum), e da webcomic  Exploradores do Desconhecido (em parceria com o desenhista Jean Okada). Mantém o blog Ideias de Jeca-tatu: ivancarlo.blogspot.com.

SERVIÇO

Lançamento do livro Grafipar - a editora que saiu do eixo
Quando: dia 06 de setembro
Onde: Livraria Nobel Salgado Filho (Av. Salgado Filho, 1782 - Tirol - Fone: 3613-2007)
Horário: 19:00 horas

quarta-feira, agosto 28, 2013

Parallela Mundi zero de graça na Amazon

A história de uma escrava, número zero da minha série de ficção científica Parallela Mundi está sendo disponibilizada de graça na livraria Amazon. Mesmo quem não tem o Kindle pode ler, bastando baixar um programa de leitura no próprio site da Amazon. Para baixar e ler, clique aqui.

segunda-feira, agosto 26, 2013

Paralella Mundi é o segundo mais vendido na categoria FC na Amazon

O primeiro 1 da série Parallela Mundi alcançou a marca  de segundo mais vendido na categoria ficção científica da Amazon. Clique aqui para conferir a lista dos mais vendidos.

Deputado


Os livros que Lisa Simpson já leu

Quem assiste o seriado Os Simpsons sabe: Lisa é uma leitora voraz, daquelas que buscam tudo nos livros, desde a resposta para qualquer pergunta até as amizades que não consegue encontrar no mundo real (as outras crianças de Springfield não são tão ilustradas quanto ela). Alguém até já criou um tumblr (aqui) só para compilar as imagens que mostram a irmã do meio dos Simpsons lendo livros e revistas, tanto reais quanto fictícios. Leia mais

Capa de Galeão revelada

O meu primeiro romance já está indo para a gráfica e a editora 9Bravos revelou no facebook a capa. Confiram abaixo.

domingo, agosto 25, 2013

10 grandes

Meu filho ainda era pequeno quando isso aconteceu. Estava aprendendo a andar e eu o levava quando íamos comprar pão. Certa vez passamos por um rapaz sentado no meio-fio. Ele estava lá parado, sentado, o olhar perdido no nada, como se até mesmo pensar fosse um esforço grande demais. Com os passos pequenos de meu filho, demoramos a chegar na panificadora, e demoramos a voltar, mas quando voltamos, lá estava o rapaz parado, estático, bobo. Era como se ele estivesse apenas observando a vida passar diante dele.

A experiência me marcou. Percebi que existem pessoas e pessoas. Existem aquelas que simplesmente passam pela vida e deixam a vida ir embora, sem fazer qualquer diferença. Por outro lado, existem aquelas que se destacam tanto que mudam o mundo, o nosso jeito de pensar, a nossa percepção das coisas. São os grandes, os gigantes, pessoas que deveriam ser seguidas. Eis a minha lista:

Monteiro Lobato
Ao pensar em alguém que fez a diferença em minha vida e na de muitas outras pessoas, o primeiro nome que me vem à mente é Monteiro Lobato. Lobato é muito mais do que um escritor de literatura infantil, embora ele tenha produzido uma obra genial nessa área. Lobato foi um visionário, alguém muito avançado para sua época. Mesmo sua abordagem da literatura infantil tinha muito de afronta aos pré-conceitos, afinal, na época essa era considerada uma área menor da literatura. Lobato me ensinou o valor da clareza, da importância de compreensão por parte do leitor. Ele escrevia sobre os temas mais difíceis e sempre de maneira agradável. Tenho visto tanta gente que acha que escrever é enrolar o leitor numa teia de dificuldades e palavras difíceis (muitas vezes usadas equivocadamente), e sempre penso: esse pessoal não leu Lobato. E Lobato era de uma sinceridade provocante, embora também fosse muito gentil (quando Mário de Andrade escreveu um texto matando-o, Lobato declarou: "Mário é grande, ele tem o direito de nos matar"). Uma de suas frases prediletas virou meu lema: "Isto acima de tudo: seja fiel a ti mesmo".

Alan Moore
Não há quem leia uma obra de Alan Moore e não passe a ver os quadrinhos de forma diferente. Moore revolucionou a maneira como as pessoas viam os roteiristas. Antes, as grandes estrelas eram os desenhistas, disputados a tapas pelas editoras. Parecia que os leitores só compravam as revistas por causa dos desenhos. Alan Moore produziu obras tão fantásticas que a simples menção de seu nome na capa de uma revista já é indício de boas vendas. Sua genialidade é tal que é muito difícil definir qual é a sua melhor obra.Miracleman, Monstro do Pântano, Watchmen, V de Vingança, Do Inferno, todos esses são obras-primas. E são como cebolas, que descascamos e descobrimos novos sabores, novas interpretações a cada leitura. A melhor obra é aquela que nos surpreende a cada leitura. Eu poderia passar o resto da minha vida lendo e relendo os trabalhos de Alan Moore e uma leitura jamais seria igual à outra. 

Gandhi
A ética inabalável, o desprendimento pelo fruto de suas ações e a generosidade mesmo para com os inimigos são exemplos que deveriam ser seguidos por qualquer homem público. Infelizmente, os exemplos são poucos e, por isso mesmo, louváveis. Gandhi é um deles. A todos esses atributos, ele juntou mais outro: a inteligência e a estratégia. Até o início do século XX, os ingleses eram vistos como homens nobres e civilizados, que estariam tirando suas colônias da barbárie. A forma violenta como os ingleses reprimiram as pacíficas manifestações de Gandhi mostraram ao mundo uma situação invertida: o honrado britânico na verdade era um bárbaro, enquanto o pequenino hindu se comportava como um gentleman. Inteligência, acima da violência, essa foi a grande lição de Gandhi. 



Hipátia
Entre 370 e 415 viveu em Alexandria uma filósofa chamada Hipátia. Filha do sábio Theon, ela foi criada para ser um exemplo do ideal helênico de mente sã, corpo são. Hipátia dominava a matemática, astronomia, filosofia, religião, poesia, as artes e a retórica. Dizem que andava pelas ruas ensinando Aristóteles, Platão e Sócrates a quem quisesse ouvir. O fato de ser mulher e o fato de estar esclarecendo o povo incomodou os cristãos fanáticos, que a pegaram na rua, tiraram suas vestes, deixando-a nua, e a levaram para uma igreja, onde ela foi retalhada com conchas até a morte. Depois seu corpo e suas obras foram queimadas. Mesmo sabendo que era perigoso, Hipátia foi fiel a si mesma até o último momento.

Chaplin
A minha ligação com Chaplin é mais que estética. É espiritual. Alguém que tinha as mesmas crenças que eu e o mesmo tipo de inimigo. E Chaplin ensinou ao mundo que havia poesia até mesmo nos momentos mais tristes... Indico um filme menos conhecido, mas genial, que demonstra bem o tipo de história que Chaplin contava: Luzes da ribalta, sobre um palhaço que salva uma bailarina do suicídio.

Lao Tse


Foi o criador do taoísmo e de uma filosofia que valorizava a mudança, muito antes de Pitágoras. Para entender sua importância, é importante lembrar que, para muitos filósofos, existia uma essência imutável e a mudança era apenas aparente. Ao valorizar a mudança, o taoísmo nos dá uma dica sobre como lidar com o mundo e com a nossa própria vida. Também foi uma antecipação do anarquismo, ao dizer que o melhor governo é o que menos governa. 

Duchamp
O homem que revolucionou a arte, invertendo a lógica. Antes dele, o artista era visto quase como um artesão, alguém que tinha uma habilidade manual e a usava para criar coisas belas. Duchamp mostrou que artista é o autor da ideia. Fazer arte é idealizar, é pensar sobre o mundo e até sobre a arte. A mudança de foco trazida por ele permite, por exemplo, que Alan Moore, um roteirista de quadrinhos, seja considerado um grande artista.

Danton
De onde acham que tirei meu nome? Em 1989, comemorava-se os 200 anos da revolução francesa e as bancas foram inundadas de publicações sobre o assunto. Comprei tudo que pude. E fiquei fascinado com a figura de Danton, o único dos revolucionários que se levantou contra o terror revolucionário, mesmo sabendo que isso lhe custaria a cabeça. Como dizia Lobato: seja fiel a ti mesmo. Até o fim. 

Gian Lorenzo Bernini
Antigamente eu assinava Jean Danton. Mas parecia estranho. Não era um bom nome. Então, um dia, folheando um livro na biblioteca, acabei me deparando com um texto sobre Bernini. Fascinante. Ele representou para o barroco o que Leonardo da Vinci representou para a renascença. Era arquiteto, escultor, pintor, cenógrafo. Suas imagens tinham a perfeição dos renascentistas, mas eram mais emocionais, o que era destacado pelo uso da luz. Gostei muito, tanto que peguei dele o nome.

O estudante chinês que parou um tanque
Ninguém sabe seu nome, mas ele fez história. Ficou na frente de um tanque que vinha para reprimir os estudantes em protesto na Praça da Paz Celestial, em Pequim. O motorista tinha permissão de atropelá-lo, mas não o fez, comovido com aquele gesto que muito me lembra Gandhi. Eu vi essa cena quando lia sobre Danton e a revolução francesa. A cena marcou minha adolescência. Se eu morasse na China, estaria ali. E também seria provavelmente morto quando o governo chinês resolveu usar a violência para acabar com o protesto que pedia liberdade e lutava contra a corrupção. Um gesto para ser seguido por todos aqueles que não compactuam com os canalhas e ditadores. Todos aqueles que são fiéis a si mesmos. 

sábado, agosto 24, 2013

Vereadora é impedida de tomar posse no Irã por ser “sexy demais”

Ser “sexy demais” foi o que impediu uma engenheira e designer de websites de 27 anos de tomar possecomo vereadora na cidade de Qazvin, no Irã, a antiga capital do Império Persa. A informação foi dada pelo periódico britânico The Times nesta quarta-feira (14/08).

A despeito das promessas do novo presidente do Irã, Hassan Rohani, de que os direitos civis femininos vão melhorar em seu governo, Nina Siakhali Moradi foi barrada de seu posto por conservadores islâmicos, que anularam sua eleição ignorando os mais de 10 mil votos que a colocaram em 14º lugar entre os 163 candidatos.

“Nós não queremos uma modelo de passarela na Câmara”, disse uma autoridade de Qazvin à imprensa local. Utilizando o slogan “Idéias jovens para um futuro jovem”, Nina defendia mais direitos para as mulheres na cidade, a restauração dos edifícios antigos e maior participação dos jovens no planejamento urbanístico. Sua candidatura havia sido analisada e aprovada pelo Judiciário iraniano. Leia mais

sexta-feira, agosto 23, 2013

Conservadores e progressistas

Há uma famosa charge do cartunista norte-americano Gary Larson na qual dois homens das cavernas observam jovens passando com arco e flecha e comentam, inconformados: "Olhe só para isso! Bons tempos aqueles em que os homens carregavam um tacape e tinham o cérebro do tamanho de uma castanha". A charge representa bem o embate entre conservadores e progressistas, que existe desde que o mundo é mundo. 


Progressistas são aquelas pessoas, geralmente jovens, inconformadas com as maneira como as coisas são e que querem realizar mudanças, fazer coisas diferentes, de maneira diferente e, no rastro, mudar o mundo. 

Exemplo disso são um grupo do século XIX, criado a partir das ideias do Conde Cláudio Henrique de Saint Simon (1760-1825), os samsionistas. Influenciados pelo iluminismo, eles sonhavam mudar o mundo através da ciência e da tecnologia. Essa doutrina ajudou a criar a crença na importância social da ciência e da técnica e influenciou poderosamente o desenvolvimento industrial. Até mesmo a construção do Canal de Suez se deve aos samsionistas.

O escritor francês Júlio Verne era praticamente um porta-voz do samsionismo. Em sua obra ele mostrava um mundo em que maravilhas eram possíveis graças à ciência, uma sociedade diferente e utópica, em que existiam aviões, submarinos e se podia dar a volta ao mundo em apenas 80 dias. 

Capitão Nemo, o protagonista do mais famoso livro de Verne, 20 mil léguas submarinas, era um revolucionário que se exila no fundo do mar por não suportar a guerra e a opressão. Nemo sempre se coloca a favor dos oprimidos e chega a financiar os gregos em sua luta contra o domínio turco. 

Aqui, uma explicação necessária. A luta da Grécia pela liberdade foi uma das causas que conquistaram os liberais do século XIX. O poeta Lord Byron chegou a ir lutar a favor dos gregos. Delacroix, o mesmo que viria a pintar o quadro A liberdade guiando o povo, símbolo de todas as revoltas, fez um quadro denunciando o massacre de Chios, em que turcos dizimaram uma vila grega que nem mesmo havia se levantado contra eles, matando 20 mil pessoas. Uma das cenas mais chocantes é do bebê que tenta mamar no peito da mãe morta. 

Outra inquietação social visível na obra de Verne é a abolição dos escravos. Em diversos livros, mas especialmente em Um capitão de quinze anos, ele mostra a escravidão como uma chaga que deveria ser eliminada da sociedade. 

O fim da escravidão foi outra causa que colocou em lados opostos conservadores e progressistas. Figuras libertárias, como o jornalista e cartunista Ângelo Agostini, empreenderam uma luta árdua contra os escravocratas, que achavam que o fim da escravidão seria uma ameaça à sociedade e à família tradicional.

Aliás, foi no seio dessas mesmas famílias tradicionais que surgiram jovens abolicionistas, muitos dos quais financiavam e davam suporte para a fuga dos escravos. 

Outro exemplo: o visionário Steve Jobs, criador da Apple. Jobs mudou tudo, praticamente criando o mundo em que vivemos. Sua proposta de computador pessoal permitiu que milhões de pessoas no mundo inteiro tivessem acesso à era da informação. No final dos anos 1990 os celulares estavam se tornando cada vez menores. Alguns eram pouco maiores que uma caneta. Então Jobs bolou o iPhone, um celular repleto de recursos, inaugurando a era dos smartphones. Depois criou os tablets, que já vendem mais que os notebooks e permitem às pessoas acessarem informações a qualquer momento. "Aqui é o lugar dos malucos, rebeldes e desajustados. São as pessoas loucas o suficiente para pensar que podem mudar o mundo que realmente o fazem", diz Jobs, na sua recente cinebiografia. 

Jobs achava que mudanças tecnológicas estavam diretamente relacionadas a mudanças sociais. Influenciado pelos hippies e pela contracultura, ele acreditava que o acesso à tecnologia permitiria uma melhor participação política por parte da população, dando voz a grupos que normalmente não tinham voz. 

O famoso comercial da Apple, exibido uma única vez, em 31 de dezembro de 1983, no Super Bowl, exemplifica esse aspecto político da tecnologia. Numa clara referência ao livro 1984, de George Orwell, e os dois minutos de ódio em que a população era doutrinada, vemos dezenas de pessoas sentadas passivamente. Todas vestem o mesmo uniforme e são todas iguais. À frente delas, em uma tela, uma figura autoritária, referência ao Big Brother do romance de Orwell, diz: "Hoje celebramos o primeiro glorioso aniversário da diretiva de purificação da informação. Nós criamos, pela primeira vez na história, um jardim de pura ideologia, onde cada trabalhador poderá florescer longe das pestes que causam pensamentos contraditórios. A unificação de pensamento é uma arma mais potente do que qualquer frota ou exército da terra. Somos um povo único, com um desejo único, uma resolução, uma causa! Nossos inimigos falarão até a morte e nós os enterraremos em suas próprias confusões". No final, o narrador contropõe: "Em 24 de janeiro de 1984 a Apple lançará o Macintosh. Então você verá por que 1984 não será como 1984". Ou seja: para Jobs era a tecnologia de informação o que evitaria que o mundo se tornasse um regime totalitário. 

Como Jobs imaginava, as tecnologias foram apropriadas pelas novas gerações como forma de mobilização política. Jovens utilizam computadores pessoais, tablets e smartphones para marcarem protestos, seja no mundo árabe ou no Brasil. Protestos com muitas vozes, em que a multidão de pessoas com cartazes diferentes, com reivindicações diferentes, lembra o fluxo de uma rede social. 

São o sonho de Jobs. 

Juventude, progresso social e tecnológico sempre andaram de mãos dadas. E geralmente são eles que triunfam sobre os conservadores. Ainda bem, ou ainda viveríamos em cavernas e andaríamos por aí carregando clavas. 


Texto originalmente publicado no Digestivo Cultural