segunda-feira, junho 17, 2013

2o Brasil Sul Comic Con

Recebi, do amigo Carlos Henry, o depoimento dos artistas que particparam do evento 2o Brasil Sul Comic Con, que reproduzo abaixo. 


DENILSON REIS (ROTEIRISTA E EDITOR DO FANZINE “TCHÊ”,”QUADRANTE SUL” E “PERYC,O MERCENÁRIO”)
Em novembro fui convidado pelo Leonardo de Albuquerque para participar de um evento que ele denominou de 2ª Brasil Sul ComicCon. Comentou que estava organizando um grande evento, "o maior do Sul do país" - nas palavras dele - e queria que eu e o Grupo Quadrante Sul, que somos responsáveis pelo Mutação na Feira do Livro de Porto Alegre participássemos. Chegou falando da vinda de Mike Deodato e que teríamos um cachê de participação. Aceitei participar, até para poder estar em um "grande" evento e poder divulgar o meu trabalho. Tudo muito bom, tudo muito bem e até fiz um material de divulgação nos sites de quadrinhos e tal. Chegando no dia do "evento" percebi que estavam a maior desorganização. Não havia um local adequado nos esperando, tivemos que montar tudo por nossa conta e ir se arranjando nos espaço. Procurei fazer o melhor possível, mas logo percebi que não havia nenhuma divulgação e o público se quer sabia o que estava acontecendo por ali. Ou seja, seria um "evento" sem a mínima divulgação e como poderia ter público se as pessoas se quer sabiam o que estava acontecendo por alí. Além da infraestrutura que foi montada na hora e a falta de divulgação, também não havia perspectiva de receber a ajuda de custo para o deslocamento ao local e a alimentação. Teve um dia que tivemos que vestir uma camiseta de voluntário do evento, embora fossemos convidados do mesmo, para poder pegar uns pilas para comprar um lanche, muito chato e constrangedor. De qualquer forma, fui correto e participei do evento conforme o combinado, até para poder ter direito a receber o cachê combinado, e olha que não era nenhuma fortuna, apenas uns "pilas" para poder imprimir depois alguns fanzines. O maior problema para mim é que até o momento não vi um centavo do que foi combinado e o Senhor Leonardo andou postando umas mensagens dizendo que não vai mais se manifestar sobre o assunto e que tudo foi parar na justiça, sendo que não temos maiores e nem menores informações sobre o tal processo que a associação da qual o Leonardo faz parte fez contra a Prefeitura de Porto Alegre, que ele diz ser a vilã deste problema. Tudo muito lamentável!


CRIS PETER (COLORISTA DA MARVEL COMICS)
Muitas são as pessoas que podem lhe oferecer convites para palestrar ou participar de eventos, e até mesmo lhe oferecem um cachê para que participes. Mas como acreditar, ou pressentir que na verdade esse convite não deve ser aceito? Como saber se o tal evento citado não será um vínculo desvantajoso? Como saber se não irão lhe passar a perna?
Venho aqui contar uma "historinha" e espero que seus detalhes ajudem todos a detectar uma furada.
Fui convidada para um tal "evento". Tudo nele me cheirou a furada desde o princípio. Mas mesmo assim quis dar o benefício da dúvida, infelizmente meu primeiro instinto estava mais do que correto. O evento foi amador, desorganizado e o meu prometido cachê não foi e nem será pago.
Eis as dicas que recebi de que o evento não era bem organizado:
- dica número um: Ao ser convidada recebi um panfleto extremamente amador em material copiado a xerox amassado (o que acaba denotando falta de capricho do organizador).
- dica número dois: Ao explicar que teria de cobrar um cachê, recebi uma resposta positiva e rápida demais. O organizador não tentou ao menos negociar os valores. Sabemos que quem precisa administrar uma verba em um evento não pode dizer sim a qualquer exigência de convidado.
- dica número três: a poucos dias do evento, o organizador me comunica que terei DUAS participações no evento. Sendo que meu cachê anteriormente combinado era para somente UMA participação. Como estava ocupada com meu trabalho, não pude discutir esse detalhe com ele e deixei por isso mesmo.
- dica número quatro: Ao chegar ao local na data do evento para entregar meu material de exposição, nada estava montado ainda. Deixei meu material e expliquei como deveria ser exposto, pois possuía uma ordem. O organizador nítidamente não prestou atenção nas minhas instruções.
- dica número cinco: A tal vernisage de abertura do evento não começou no horário determinado. Quando cheguei ao local, a montagem do evento estava amadora e não encontrei ninguém da organização. Ao ver meus trabalhos na exposição, eles estavam expostos na ordem errada. Neste momento, eu aceitei que aquele evento era uma furada e que eu não seria paga.
- dica número seis: Mesmo depois disso apareci nas duas palestras que participaria. Tenho minha palavra, e iria cumprí-la. Durante as minhas duas palestras (vazias) o organizador ficou abordando pessoas que passavam pelo local tentando convencê-las a assistirem. Foi bastante desagradável. 
Enfim, no final da história, o organizador inventou uma historinha de que ele estava no meio de um processo judicial para conseguir verba para pagar os cachês, mas eu já tinha aceitado que não receberia nada. Óbviamente não irei aceitar mais nenhum convite dessa mesma pessoa.
Eu recebi todos os sinais, fui em direção a parede sabendo que ela estava se aproximando e mesmo assim não desviei. Tive boa fé, e isso não é um erro. Não perdi tanto tempo, não tive de viajar e conheci algumas pessoas legais.
A verdade é que é sempre importante averiguarmos o evento antes de aceitarmos um convite. Hoje, com o Facebook, podemos verificar os amigos que temos em comum com os organizadores para termos certeza de que não se trata de algum amador. Normalmente eventos com porte suficiente para pagar cachê tem site na internet e informações para serem investigadas pelo Google.
Acontece, infelizmente. Mas quem deve se sentir mal com isso sou eu por não ter sido paga, ou o organizador do evento por ter caloteado todo mundo?

FERNANDO DAMASIO (DESENHISTA DE “RIP REGAN,POWERMAN” E  “DANGER:HIGH VOLTAGE”)
No começo desse ano fui convidado  junto com outros artistas a participar de um evento em Porto Alegre, Intitulado de 2º Brasil Sul Comiccon. Nesse convite constava que não gastaria  com nada, no hotel teria café , almoço e janta, teríamos transporte até o evento e cada artista receberia um cachê, com o valor combinado  com o organizador  e com a Prefeitura. Infelizmente, nesse país, “Ordem e Progresso” só se encontra  na bandeira. Fomos enganados! No hotel só teria café da manhã, não havia um transporte até o evento e não nós foi pago o cachê, viajamos despreparados apenas com dinheiro para pequenas compras no evento como: revistas, lanche, etc. No meu caso, tive que me juntar ao meu editor e amigo Carlos Henry para podermos nos alimentar, comíamos um pouco a mais no café para não dar fome na hora do almoço e quando chegávamos do evento, procuramos um mercado e rachávamos pizza, outro dia frango com polenta, e todos os dias tínhamos que dividir o táxi também. Conhecemos uma amigo, Professor Athos, que percebendo nossa situação  e também tinha palestras a ministrar no evento, ele pagava o táxi para ir ao evento e nos convidava para ir com ele. Passaram-se 5 meses, e nosso cachê não foi pago, o organizador só nos passa que a prefeitura não teria verba, e que estão processando a prefeitura. O organizador não passa o número de processo , nome de advogado. Se existe esse processo, nosso nome está no meio, é nosso direito saber como está, e é dever da organização nos passar alguma coisa concreta e não apenas palavras. Fomos prejudicados, deixamos trabalhos de lado para poder honrar esse compromisso com a organização e com a prefeitura de Porto Alegre, é nosso trabalho !!!!!. Só queremos o que é nosso por direito, nada mais. 


CARLOS HENRY (CRIADOR DO “LOBO-GUARÁ”,”CITY OF DREAMS” E EDITOR DO SELO “EXCELSIOR”)
O Brasil Sul ComicCon na verdade, NÃO aconteceu!! Faltou organização, conhecimento de causa,produção,estrutura..tudo! O curador da exposição,que aconteceria dentro do Fórum Social Mundial, era Leonardo Albuquerque, que a toda hora culpava a Prefeitura de Porto Alegre pela falta de estrutura (isso, já tendo várias reuniões anteriores com a Prefeitura..). Vamos por partes: O EVENTO (?): Chamar de ComicCon um evento que tem 2 mesas e 2 placas de madeiras como expositores, com um caricaturista (Luca Risi) e outro só com um grupo (Quadrante Sul), sem editoras, nem gibiterias, nem cartazes, nem programação visual, nem exposição decente, nem artistas de peso, nem divulgação de mídia, enfim, sem nenhuma estrutura,é uma piada de MUITO mal gosto! Não teve nada de convenção, apenas um encontro de amigos que curtem quadrinhos. HOTEL: Tudo ok, porém, se combinou que haveria “alimentação completa garantida”, ou seja, café da manhã/almoço/jantar. Uma vez que o hotel só oferece café da manhã, a alimentação acabou ficando por minha conta. Eu e Fernando Damasio tivemos que procurar um lugar mais em conta pra nos alimentar. CONDUÇÃO: Não tinha condução do hotel para o evento e vice versa. A minha sorte e do Fernando Damasio (desenhista de Rip Regan,powerman,do Excelsior Webcomics) foi o Professor Athos, um dos palestrantes, garantir o táxi de ida. Na volta,, eu e Damasio dividíamos a corrida do evento ao hotel. O Leonardo sequer apareceu no hotel,só ficando no evento,muitas vezes,sem nenhuma ocupação. ALIMENTAÇÃO DURANTE EVENTO: tb não teve. O que aconteceu foi uma “manobra” do curador, Leonardo Albuquerque, para recebermos um cachê como “voluntários”, ao invés de “palestrantes”. Algo inconveniente e vexatório. No dia posterior, nem mesmo os voluntários estavam recebendo. VERNISSAGE: No dia da abertura da exposição, para minha surpresa, não tinha NENHUM banner ou indicação do evento de Quadrinhos dentro ou fora do Fórum Social-Mundial., nada! Descobri por acaso que a parte de Quadrinhos ficava no piso superior,e lá tinha apenas 2 mesas,com 2 placas de madeira com artes afixadas de Luca Risi e do grupo de quadrinistas Quadrante Sul. Uma outra placa, pintada com uma mulher de perfil e com o nome “Brasil Sul ComicCon”, estava a frente. Na parte de artes visuais, no piso inferior, a vernissage acontecia, ao mesmo tempo que se acabava de montar a exposição; algo impensável. DIVULGAÇÃO: Só houve divulgação na semana do evento,coisa que deveria acontecer no mínimo,com 1 mês de antecedência. Tb os modelos que iriam vestidos de personagens de quadrinhos, distribuindo flyers, não foram contratados. PALESTRAS: Uma verdadeira bagunça. Um exemplo, foi que na hora da palestra do Professor Athos, outro grupo de pessoas usaria o espaço. Resultado: quando o professor já tinha começado, teve que interromper sua palestra e esperar. Um verdadeiro desrespeito. Eu estava comprometido com 2 palestras,mas, na programação interna, constava meu nome em outras,sem nem eu ter sido consultado. Não havia público, uma vez que não houve divulgação interna ou nada que indicasse que estava acontecendo uma palestra ali. Apenas amigos que se encontraram pra bater papo sobre HQ. Só cumpri com as 2 que havia combinado. Espero ser pago, como combinado. LANÇAMENTOS: Na minha palestra, haveria lançamento do meu livro “Super-Brazucas- o universo dos super-heróis brasileiros” e da revista indie “Excelsior Quadrinhos”. Bom, antes mesmo do evento,o Leonardo me falou que a Prefeitura não iria comprar exemplares do livro para venda, como havia combinado antes. E somente durante o evento, ele me falou que a Prefeitura não iria fazer a impressão da revista, como combinado antes. Enfim, minha ida á Porto Alegre,só valeu por  ter conhecido o Professor Athos , a Cris Peter, Fernando Damasio, Darlei Nunez e o pessoal do Quadrante Sul. De resto,foi um fiasco! Sorte,tiveram Mike Deodato, Emir Ribeiro e Watson Portela,que foram convidados e não entraram nesta furada, já que viram que não valeria a pena....

2 comentários:

Lorde Lobo disse...

Eu também fui convidado e não fui, pois no ano anterior já tentaram me pregar o mesmo golpe!

Rodrigo Chaves disse...

Aqui tem um artigo que meio que explica a situação que ocorreu, embora tenha mais foco na questão das bandas que tocaram e não receberam cachê. Mas acredito que o problema com os quadrinistas tenha sido o mesmo.
http://www.sul21.com.br/jornal/2013/04/gt-de-cultura-do-fst-cobra-da-prefeitura-repasses-atrasados-da-edicao-de-2013/