domingo, junho 10, 2012

A incrível Suzana e o cinema de equívocos

Um dos temas prediletos do diretor Billy Wilder é o de uma pessoa se fazendo passar por outra. Exemplos disso são Quanto mais quente melhor (em que dois músicos se disfarçam de mulheres para fugir de mafiosos) e Cinco Covas do Egito (em que um soldado inglês se faz passar por um garçom egípcio para espionar os nazistas). Ótimo exemplo disso é A incrível Suzana, em que uma mulher se faz passsar por uma garotinha para pagar meia passagem no trem e voltar para casa após se decepcionar com Nova York.
A questão da dupla identidade constantemente foge do controle dos protagonistas e leva a cenas constantemente equívocas, que podem e devem ser lidas de maneira  dúbia.
Em Quanto mais quente melhor, uma das melhores cenas é aquela em que Tony Curtis se faz passar por tímido para conquistar Marilyn Monroe, que acredita estar conquisantando um homem traumatizado por um relacionamento ruim. Cada gesto, cada palavra traz em si dois sentidos diferentes. Em determinado momento, o herói finge fugir do beijo da  garota, quando na verdade, está extasiado com o mesmo.
Em  A incrível Suzana, ao ser descoberta, Suzana (Ginger Rogers) entra na cabine do major Philip Kirby (Ray Milland), que acredita que ela é uma criança (ou finge acreditar) e a trata como se fosse uma sobrinha. A cena em que ela acorda com um raio e ele a conforta é repleta de conteúdo sexual implícito e uma aula de como trabalhar o duplo sentido no cinema.
Claro que isso só era possível graças ao incrível talento de artistas como  Ginger Rogers, Ray Milland, Marilyn Monroe e Tony Curtis.
Em uma época em que o cinema podia mostrar muito pouco, mestres como Billy Wilder  brilhavam com a genialidade de diálogos equívocos. Assim, uma premissa tola transformava-se em um grande filme.


1 comentário:

Alexandre Lobão disse...

Grande Gian,
Seus posts são sempre precisos e preciosos, obrigado!

Forte Abraço!