terça-feira, outubro 05, 2010

O grão de mostarda


Uma jovem mulher, tendo perdido seu primeiro filho, estava tão desolada e aflita que perambulava pelas ruas, implorando algum remédio mágico que restituísse a vida do menino. Alguns se afastavam com piedade; outros riam e a consideravam louca; ninguém tinha palavras para consolá-la. Até que um velho sábio, notando seu desespero, disse:
- Existe apenas um homem em todo o mundo que pode fazer esse milagre. Ele é o ser perfeito e reside no alto da montanha. Vai até ele, e pede.
A jovem mulher subiu a montanha e, de pé diante do ser perfeito, suplicou:
- Ó Buda, devolvei a vida de meu filho.
E Buda disse:
- Volte para a cidade, vá de casa em casa, e traga-me um grão de mostarda de uma casa onde ninguém jamais tenha morrido.
O coração da jovem mulher estava cheio de esperança quando ela desceu a montanha às pressas e correu para a cidade. Na primeira casa em que bateu, disse: “Buda me mandou conseguir um grão de mostarda de uma casa que nunca tenha conhecido a morte”.
- Nesta casa, muitos já morreram – disseram-lhe.
Ela seguiu para a próxima casa, e perguntou de novo.
- Impossível contar o número dos que já morreram aqui – foi a resposta.
Foi à terceira casa, e à quarta, à quinta casa, e mais e mais, através da cidade, e não pôde encontrar uma só casa, que a morte já não tivesse visitado.
Assim, a jovem mulher voltou ao topo da montanha.
- Trouxeste o grão de mostarda? – perguntou o Buda.
- Não – disse ela – nem procurarei mais. A dor e o desespero me tornaram cega; pensava que somente eu tinha sofrido nas mãos da morte.
- Então, por que voltaste? – insistiu o ser perfeito.
- Para pedir que me ensine a verdade – respondeu a mulher.
E foi isto que o Buda lhe disse:
- No mundo do homem e no mundo dos deuses, a Lei é uma só: todas as coisas são passageiras.

1 comentário:

Oraco disse...

Dito e feito.