terça-feira, setembro 30, 2008

Microcontos

A Lilian, do blog Não me conte seus segredos, colocou num post suas primeiras tentativas de produzir microcontos, depois de ler o site A Casa de Mil Portas. A Casa foi um projeto do Nemo Nox, um velho amigo, e cheguei a produzir alguns desses contos para a Casa. Num microconto, deve-se contar uma história com uma quantidade extramente limitada de toques (50 letras, incluindo espaços). Eis os meus microcontos, que estão na Casa das Mil Portas:

Um índio. Um cawboy. Bum. Nos vemos no inferno, índio!
+ + +
Miguel matou seu melhor amigo, tiro pelas costas, e rezou.
+ + +
Pedólatra fanático: só curtia mulheres com pé de galinha.
+ + +
Só depois do livro impresso, Miguel percebeu que era um plágio.
+ + +
A chuva começou na hora em que os duendes amarraram Juliana.
+ + +
No final apoteótico, o ator foi morto pelo seu personagem.
+ + +
MAMAE MRREU.AGR VC PD VLTAR.
+ + +
MSG PR VC: Cachorro. REPLY: Porca. CHAT: Te amo.
+++
Hj pidi Kako em cazamentu. Comemoramu c/ bonbom.
+++
1971. Depois de longa investigação, foi preso o perigoso...

Diretor de Wall-E comenta a adaptação para as telas de A Princesa de Marte


Érico Borgo
Uma das maiores apostas de franquia da Disney/Pixar para os próximos anos é a adaptação para as telas de A Princesa de Marte (John Carter of Mars), obra de fantasia e ficção científica de Edgar Rice Burroughs (1875-1950), o criador de Tarzan.
O estúdio mantém em segredo detalhes do primeiro filme. Não se sabe ainda sequer se será uma animação, um live-action ou híbrido, mas Andrew Stanton (Wall-E), que escreve e dirigirá o filme, andou comentando a produção, ainda que de maneira enigmática. Leia mais


Comentário: John Carter de Marte é a origem da maior parte dos space opera, inclusive nos quadrinhos. O personagem Adam Strange, por exemplo, é quase uma cópia dele. John Carter ficou famoso não só pelos livros, mas também pelas belas ilustrações de Frank Frazetta, que o diretor já disse que não vai seguir.

segunda-feira, setembro 29, 2008

Wizmania e minha homenagem ao Colonnese


A edição mais recente da revista Wizzmania traz uma matéria sobre o mestre dos quadrinhos Eugenio Colonnese e depoimentos de várias personalidades sobre o quadrinista morto recentemente. O primeiro depoimento é meu. Confira a revista nas bancas.

História dos quadrinhos


All Williamson


Entre os desenhistas surgidos na década de 1950, um deles se revelou um verdadeiro mestre, à altura de gente como Hall Foster e Alex Raymond. Seu nome era All Williamson.
Williamson nasceu em New York, no ano de 1931, mas logo sua família se mudou para a Colômbia, onde ele permaneceu até 1943. Durante a infância, All lia, basicamente, revistas em quadrinhos mexicanas com material mexicano e argentino. O quadrinho argentino iria influenciá-lo por muito tempo. Mas a sua grande inspiração foi o desenhista americano Alex Raymond. Williamson, ainda criança, assistiu uma fita do seriado de Flash Gordon e ficou encantado. A partir de então tornou-se absolutamente fã das histórias de Raymond. Quando voltou para os EUA, o garoto já se decidira que iria ser quadrinista. Assim, inscreveu-se na escola de Arte Visual, de Burne Hogart, desenhista de Tarzan. All era um bom aluno, mas o atrito entre os dois era inevitável: Hogart insistia que os alunos seguissem o seu estilo, e All preferia seguir o estilo de Alex Raymond. Apesar das desavenças, Hogart chegou a dar três páginas dominicais para que o jovem desenhista as trabalhasse a lápis.
Depois disso, All Williamson foi desenhando várias histórias até se tornar um dos desenhistas mais importantes dos anos 50 e 60 nos EUA. Entre 1952 e 55 ele trabalhou na EC Comics, que foi a meca dos quadrinhos de qualidade nos EUA antes de ser perseguida pelo marchatismo. Depois disso, fez trabalhos a Warren (cujas histórias saiam no Brasil na extinta Kripta). Mas em 1966 o garoto que adorava os seriados de Flash Gordon teve a oportunidade de desenhar o seu herói. All Williamson desenhou três números da revista Flah Gordon (algumas dessas histórias saíram no Brasil em revistas da RGE). Foi o bastante para demonstrar que ele era o seguidor mais talentoso de Alex Raymond. Tanto que a King Features Syndicates o chamou para desenhar as tiras de Agente Secreto X9, outro personagem criado por Raymond. Os roteiros ficaram a cargo de Archie Goodwin. Goodwin tem uma característica interessantes. É um desses roteiristas que não conseguem trabalhar com super-heróis (suas histórias no gênero são sofríveis), mas que se movimenta muito bem no gênero policial. As histórias criadas por Goodwin para X-9 estão entre os melhores quadrinhos policiais de todos os tempos e são, inclusive melhores que algumas das histórias de Dashiell Hammett, que escrevia o personagem na época em que Alex Raymond desenhava.
Goodwin e Williamson reformularam completamente o personagem, dando à tira um toque de espionagem. O nome da tira, inclusive, foi mudado para Agente Secreto Corrigan. A dupla esteve a cargo do personagem de 1967 até 1980. Depois disso All Williamson fez poucos trabalhos pessoais e chegou até mesmo a fazer arte-final para John Romita Jr quando este desenhava o Demolidor. O que é lamentável, pois, embora Romita não seja um desenhista ruim, seu traço é bastante simples e não chega nem de longe à sofisticação de Williamson.
All Willianson começou a desenhar X-9 numa época em que o feminismo estava em alta e, da revolução sexual parecia estar surgindo uma nova mulher. Seus desenhos refletem isso. As moçoilas que contracenavam com o agente secreto Corrigan não eram simples coadjuvantes, prontas a pedir socorro ao menor sinal de perigo. Ao contrário, eram mulheres liberadas e valentes. Williamson as fazia vestidas com calças justas e botas, mas ainda assim elas continuavam extremamente femininas.
Outro trabalho importante do desenhista, até hoje lembrado pelos fãs, foi a quadrinização dos primeiros filmes da série Guerra nas Estrelas.

Sou um apaixonado por tango (não me pergunte porque, simplemente gosto da música e da dança, apesar de não dançar absolutamente nada). Então, claro, gostei da abertura da novela A Favorita. Além do tango (um tango meio misturado com outros ritmos, mas ainda assim, tango), a animação foi muito bem feita e conta toda a história da primeira fase da novela.

sábado, setembro 27, 2008

Tempo, tesão e dinheiro


Dizem que os três maiores problemas do ser humano são: tesão, tempo e dinheiro.
Quando se é novo, tem-se tesão e tempo, mas não se tem dinheiro.
Quando ficamos adultos, temos dinheiro e tesão, mas não temos tempo.
Quando ficamos velhos, temos dinheiro e tempo, mas não temos tesão.
Apesar da piada se referir, evidentemente, a sexo, acho que isso vale para outras coisas boas, leituras, inclusive. Pelo menos comigo foi assim: quando tinha muito tempo para ler, não tinha livros. Lembro que, na infância e adolescência, sentia tanta vontade de ler que lia os dizeres das caixas de sapato.
Atualmente estou com tantos livros bons na fila para ler (dia desses peguei uma promoção no Submarino e comprei livros a 9 reais!), mas não tenho tempo. Alguns itens da fila: continuar a leitura das Crônicas de Narnia, vários livros de Stephen King, A bússola de ouro, mais de 200 volumes de Perry Rhodan (tá certo, nem todos de Perry Rhodan são bons, mas mesmo assim, sobram uns 50...).

Leitura


Descobriram a parte do cérebro responsável pela leitura. Na verdade, é a junção de duas partes: a responsável pela linguagem e a responsável pela visão. Ou seja, a junção do linguístico com o visual. Qual é a mídia que faz isso? Um doce para quem respondeu os quadrinhos. Daí a importância de incentivar crianças a lerem gibis. Ao lerem quadrinhos ou livros ilustrados, elas desenvolvem a área do cérebro responsável pela leitura e se tornam adultos leitores. Na verdade, a ciência só fez identificar o que já tinhamos percebido empiricamente: geralmente os leitores vorazes, aqueles que sentem grande prazer na leitura, liam muitos quadrinhos quando eram crianças (só lembrando que muitos continuam lendo quadrinhos depois de adultos, pois existem HQs para todas as idades).

sexta-feira, setembro 26, 2008

O rock de Bush


Já está disponível mais uma tira da série Exploradores do Desconhecido. Confira.

Mestre Jonas e a baleia


A música Mestre Jonas, que postei aqui como música do dia, causou uma certa curiosidade. Para começar, a música, embora seja da década de 1970, não é tão desconhecida assim, afinal foi trilha sonora do filme ¨Meu nome não é Johnny¨.

Quem me conhece, sabe que o que mais me impressiona numa música é a letra e essa tem um conteúdo interessante. Baseando-se na história bíblica do homem que foi engolido por uma baleia, Sá Rodrix e Guarabira fazem uma curiosa metáfora: a baleia pode ser um casamento falido, um emprego chato ou até mesmo o sistema. Em suma, qualquer coisa que nos afaste da vida, de uma consciência crítica. No filme ¨Meu nome não é Johnny¨a baleia era, provavelmente, o mundo das drogas. Nesse sentido, a música lembra muitos conceitos budistas, segundo o qual nós nos enclausuramos numa fortaleza, nos isolando do mundo lá fora:


ele diz que está comprometido
e ele diz que assinou papel
que vai mante-lo preso na baleia até o fim da vida
até o fim da vidadentro da baleia a vida é tão mais fácil
nada incomoda o silêncio e a paz de jonas
quando o tempo é mal, a tempestade fica de fora
a baleia é mais segura que um grande navio

quinta-feira, setembro 25, 2008


O Sidney Gusman escreveu um belo artigo sobre a série Sandman no Universo HQ. Sandman revolucionou os quadrinhos na década de 1990, ganhando diversos prêmios literários. É provavelmente o único gibi que tem mais leitores mulheres do que homens...

Demônio maniqueu e demônio agostiniano



Os autores cibernéticos encontraram nos demônios agostiniano e maniqueu metáforas apropriadas para compreensão das diferenças entre os fenômenos naturais e sociais.
O maniqueimo, religião babilônica, acreditava que o universo era governado por duas forças antagônicas, uma boa e outra má.
O termo sobreviveu como sinônimo de uma separação rígida entre dois pólos antagônicos. Diz-se, por exemplo, que os gibis de super-heróis são maniqueístas, pois os heróis são totalmente bons e bem intencionados. Os vilões, ao contrário, são totalmente maus. Não há meios-tons.
Mas o interessante é como os maniqueístas viam essa força negativa. Para eles, o demônio era astuto o bastante para mudar de estratégia, caso sua vítima lhe percebesse o ardil.
Imagine-se que o demônio maniqueu colocasse uma casca de banana à porta de um homem. Este, assim que saísse de casa, escorregaria, e soltaria uma série de palavras impublicáveis, para regozijo do demônio.
Isso acontece por dias seguidos, até que o homem, cansado da brincadeira, resolve sair pela janela.
O demônio, percebendo a mudança, passaria a deixar a casca de banana abaixo da janela, até que surgissem novos fatos que o forçassem a mudar novamente de estratégia.
Santo Agostinho, ao contrário, achava que o demônio seguia leis divinas, das quais não podia escapar. O demônio não poderia blefar ou mudar de estratégia.
Foi esse tipo de pensamento que permitiu a Henrick Kramer e Jacobus Sprenger escreverem o livro “Malleus Maleficarum”, verdadeiro manual dos inquisidores.
O objetivo era descobrir como agia o demônio e seus agentes temporais, as bruxas, indicando a melhor forma de combater a ação destes.
Os títulos de alguns capítulos falam por si: “Métodos Diabólicos de Atração e Sedução”; “Como as bruxas podem infringir enfermidades graves”; “Métodos para destruir e curar a bruxaria”.
Jamais ocorreria a tais autores que o demônio, percebendo que seu modo de ação fora descoberto e dissecado, pudesse mudar de estratégia.
Os demônios agostinianos são os fenômenos naturais. Eles seguem leis rígidas, das quais não podem escapar. Assim, o demônio agostiniano seria como a natureza em relação ao cientísta: ela não prepara ardis ou muda de estratégia tentando escapar da dominação. Se uma pessoa solta uma pedra, ela, incapaz de desobedecer à lei de gravitação universal, cairá, atraída pela Terra. A pedra não cogita flutuar no ar apenas para contrariar as expectativas de quem a jogou. Este poderá dizer “A pedra irá cair” sem medo de ser desmentido pela pedra.
O mesmo já não ocorre com fenômenos sociais.
Imagine-se um aluno relapso sobre o qual o professor faz a seguinte previsão: “Você não será aprovado, pois não estuda”.
Ele pode se deixar abater pela previsão e desistir plenamente de ser aprovado. Mas, por outro lado, poderá estudar com mais afinco, para provar que o professor estava errado.
Quando se trata de seres humanos, as previsões podem ser auto-destrutivas e auto-realizadoras.
Um jornal que estampe uma previsão de inflação fará com que os consumidores corram para estocar produtos antes do anunciado aumento de preços. O aumento da demanda fará com que os vendedores aumentem o preço das mercadorias.
Talvez a inflação não tivesse ocorrido se o jornal não a tivesse anunciado.
É fato sabido que nenhum banco tem em caixa dinheiro o bastante para cobrir a retirada de todos os seus correntistas. Se corre o boato de que o banco irá falir, haverá uma corrida ao mesmo. O excesso de saques deixará a instituição sem capital e, portanto, falida.
Mais de uma empresa bancária já fechou suas portas em decorrência de previsões desse tipo.
Os fenômenos naturais são demônios agostinianos: jogam um jogo difícil, mas, uma vez decobertas suas leis, eles não a mudarão apenas para nos contradizer ou agradar.
Os fenômenos sociais, ao contrário, são demônios maniqueus, pois o fluxo de informações pode fazer a sociedade ou grupos mudarem de comportamento.
Como um jogador de pôquer, a sociedade muda seu comportamento e suas estratégias. As leis que o cientista social descobre sobre o desenvolvimento dos indivíduos ou dos grupos podem ser traduzidas, em certos casos, em poder e dominação. “Os ‘objetos’ deste conhecimento, se conscientes deste fato, podem, numa certa medida e também em algumas circunstâncias, engendrar uma mudança de seus comportamentos e conseqüentemente uma alteração das ‘leis’que os regem”.
As investigações de Karl Marx sobre a sociedade capitalista foram muito acuradas, mas não servem para nossos dias, pois o capitalismo se utilizou dessas mesmas análises para se transformar e, portanto, sobreviver.
Segundo Norbert Wiener , comparado ao demônio maniqueu, dono de refinada malícia, o demônio agostiniano é estúpido. Joga um jogo difícil, mas pode ser derrotado completamente pela inteligência e pela observação.
A metáfora dos demônios maniqueu e agostiniano faz cair por terra a falácia de pesquisadores do início do século XX que pretendiam investigar os fenômenos sociais com as mesmas ferramentas e a mesma lógica com que se investiga a natureza.
Para pesquisar tais fenômenos, surge uma nova teoria, parte da cibernética, chamada teoria dos jogos.
O jogo praticado pela sociedade constantemente é do tipo soma-zero, em que os ganhos de uma parte revertem em perdas para o outro lado.
É o que ocorre, por exemplo, nos casos de dominação política: uma vitória do dominador transforma-se em perda para o dominado.
Sabe-se que a dominação política e econômica é baseada no conhecimento do homem sobre o homem. Em especial o conhecimento sobre como a sociedade dominada age. Nesse caso, interessa aos dominados agirem como demônios maniqueus, mudando de estratégias, o que torna inútil esse conhecimento.
O melhor exemplo desse tipo de comportamento é a guerrilha. A guerrilha não respeita as regras dos conflitos armados: ataca de surpresa, em pequenos grupos que escapam rapidamente de uma posterior perseguição.
Os terroristas também agem como demônios maniqueus.
O ataque às torres gêmeas do Word Trade Center é um exemplo perfeito de demônio maniqueu.
Os EUA estavam muito preocupados com a criação de um escudo anti-mísseis, que tornasse inviável qualquer ataque aéreo às cidades americanas. Os terroristas atacaram justamente de onde os militares norte-americanos não esperavam nenhum ataque. Eles seqüestraram aviões comerciais, de transporte de passageiros, e os jogaram sobre os alvos.
Para sequestarem os aviões, os terroristas usaram facas. Um comportamento absolutamente imprevisível e, portanto, maniqueu: atacar a maior potência militar do planeta utilizando apenas facas!
O inusitado da ofensiva foi justamente a característica que tornou o ataque possível.

quarta-feira, setembro 24, 2008


Para quem não sabe, este blog está com uma promoção. Quem comentar mais até o dia 10 de outubro, ganha um exemplar da revista Prismarte Conspirações tupiniquins, com hístórias em quadrinhos sobre teorias da conspiração. Por enquanto, quem está ganhando é o Sandro, mas ainda tem tempo para uma virada...

Dica de blog

A Simone Guimarães, repórter da TV Amapá, que já citei aqui a respeito da ótima matéria sobre as borboletas amarelas, aderiu à rede e está com um blog, o Diário de uma jornalista. Vale conferir.

Música do dia



Mestre Jonas
Sá e Guarabira

Dentro da baleia mora mestre Jonas
Desde que completou a maioridade
a baleia é sua casa, sua cidade
dentro dela guarda suas gravatas, seus ternos de linho

e ele diz que se chama Jonas
e ele diz que é um santo homem
e ele diz que mora dentro da baleia por vontade própria
e ele diz que está comprometido
e ele diz que assinou papel
que vai mante-lo preso na baleia até o fim da vida
até o fim da vida

dentro da baleia a vida é tão mais fácil
nada incomoda o silêncio e a paz de jonas
quando o tempo é mal, a tempestade fica de fora
a baleia é mais segura que um grande navio

e ele diz que se chama Jonas
e ele diz que é um santo homem
e ele diz que mora dentro da baleia por vontade própria
e ele diz que está comprometido
e ele diz que assinou papel
que vai mante-lo preso na baleia até o fim da vida
até o fim da vida
até subir pro céu
Sou eu que estou entendendo errado, ou a campanha da candidata Dalva à prefeitura de Macapá está dando a entender que os macapaenses vão deixar de receber os benefícios do governo federal (como o bolsa família) se a candidata do PT não se eleger? Isso é legal?

O eleitor jovem


Parece que o foco das campanhas será, cada vez mais, o eleitor jovem. Exemplo disso é a campanha da deputada federal Manuela D' Ávila (PC do B), que está concorrendo à Prefeitura de Porto Alegre. Sua popularidade é tão grande que crianças e velhinhos a param na rua para pedir autógrafos. A razão dessa popularidade é que a candidata tem focado no eleitor jovem. E hoje todo mundo quer ser jovem: do rapaz de 15 anos à senhora de 70 anos. E uma das formas de ser jovem é através do consumo, seja de uma sandália ou de um candidato. Em marketing a gente chama isso de grupo de antecipação. Eu passo a fazer parte daquele grupo através do meu consumo. Por isso, a linguagem é tão importante. O site da Manuela é um bom exemplo. A seriedade carrancuda desse tipo de material foi deixado de lado em favor de uma linguagem coloquial. Para se ter uma idéia, o título do site é ¨E aí, beleza?¨. Além do visual bonito, o site tem várias atrações interessantes, inclusive uma autobiografia escrita com jeito de diário de adolescente.
Aqui em Macapá alguns candidatos estão tentando usar essa linguagem, mas ainda de forma muito tímida.

terça-feira, setembro 23, 2008

Fantasma completa 60 anos de publicação ininterrupta na Austrália


Por Marcus Ramone (22/09/08)

Em 2007, o gibi australiano do Fantasma alcançou a impressionante marca de 1500 edições publicadas, um feito que está muito longe de ser superado por outras revistas em quadrinhos estreladas pelo personagem no resto do mundo.Neste mês de setembro, outro recorde histórico acaba de ser batido por The Phantom na Austrália: 60 anos de publicação ininterrupta. É o gibi mais longevo do Espírito-que-Anda em toda sua história e só não desbanca a "folha corrida" da série de tiras de jornal que a criação máxima de Lee Falk protagoniza diariamente nos Estados Unidos desde 1936.

segunda-feira, setembro 22, 2008


Hoje em dia quem não trabalha com promoção está fora do mercado, especialmente quando se comercializa produtos da chamada compra de impulso, que é o caso dos refrigerantes. A promoção Alucinados por Cini é um exemplo. Juntando 5 tampas de refrigerante mais R$ 4,90, o consumidor leva um bicho de pelúcia com os mascotes do refrigerante. Os bonecos e a animação são uma criação do meu amigo Antonio Eder e sua equipe, do estúdio Sputnik, de Curitiba. Clique aqui para conhecer o site da promoção.
É impressionante como em Macapá as pessoas têm a tendência em transformar espaços públicos em espaços privados. Na área do complexo esportivos do Congós, ambulantes começaram a ocupar as calçadas. No local que deveria servir de passagem para as pessoas caminharem, agora ficam mesas e churrasqueiras. E o pior é que o governo não faz nada. Existe uma certa idéia de que a parte do governo é só entregar a obra, e não cuidar de sua preservação. Se houvesse fiscalização, duvido que isso aconteceria.
Vale lembrar também a ciclovia do mesmo bairro, que anda ocupada por ambulantes...

domingo, setembro 21, 2008


Olha que exemplo interessante de intervenção urbana, típica do marketing de guerrilha...

sexta-feira, setembro 19, 2008

O apocalipse anunciado nas estrelas


Em 1681 Increase Mather, presidente do Havard College, emitiu um sermão cujo título era “Alarmes celestes para o despertar do mundo ou um sermão em que se argumenta que os terríveis sinais e aparições celestes que agora vemos são prenúncio de grandes calamidades”. O objetivo do sermão era fazer com que a congregação se arrependesse de seus pecados, pois os sinais celestes do fim, de acordo com profecias de textos bíblicos, de Ezequiel a Zacarias, já estavam nos céus.
É justamente essa relação entre os fenômenos astronômicos e as profecias de apocalipse, tanto na ciência quanto na religião, que Marcelo Gleiser pretende investigar em seu mais novo livro, “O fim da Terra e do Céu”.
Exemplos não faltam. O próprio Mather relaciona vários. Segundo Cometography, uma coletânea de todos os cometas observados, publicado em 1683, uma estrela ardente foi vista nos céus, trazendo um terremoto, guerras, peste, escassez absoluta e a morte de um imperador e um papa. Isso no ano de 984.
Em 1005, a aparição de um cometa foi seguida de uma terrível epidemia de peste que persistiu por três anos. Em alguns locais, segundo Mather, algumas pessoas tombavam mortas enquanto cavavam sepulturas para enterrar seus mortos.
Até a era moderna a maioria das pessoas relacionava a aparição de cometas com eventos trágicos. Esses eventos celestes eram enviados por Deus para comunicar sua ira aos pecadores. Assim, até mesmo para cientistas como Isaac Newton, os cometas eram fenômenos sobrenaturais e não naturais.
Na Idade Média, pouco depois do ano 1000, os fenômenos astronômicos foram encarados como indícios de uma nova era. De fato, uma série de modificações tinham início.
A expansão do comércio fez com que um grande número de camponeses migrasse pra as cidades, provocando uma rápida degradação das condições higiênicas nos burgos.
Foi quando surgiu a epidemia de peste bubônica. Vinda possivelmente da Ásia e se alastrando facilmente pela cidades européias em decorrência da falta total de saneamento e de higiene pessoal, ela matou um terço da população européia, 25 milhões de pessoas, ficando conhecida como peste negra.
Os cadáveres se acumulavam mais rapidamente do que era possível enterrá-los. Os cadáveres eram recolhidos por carretas puxadas por burros. Os gritos de “Tragam seus mortos” eram o som mais ouvido nas cidades européias da época.
Não faltaram, então, pessoas que identificassem no céu sinais de que a peste era uma punição divina. O cronista Giovanni Villani escreveu em 1348 que a peste se devia ao aparecimento de um cometa na constelação de Virgem.
Os indícios de que se tratava do fim do mundo aumentou em muito o número de flagelantes. Esse grupo de fanáticos religiosos haviam surgido em 1260, na Itália. Para eles, o fim estava próximo e a única forma de fugir do castigo inexorável era através da dor física auto-imposta, necessária para a purificação da alma. Centenas, às vezes milhares de pessoas vestidas com túnicas brancas com enormes cruzes vermelhas estampadas atrás e à frente chegavam em um vilarejo incitando os moradores a seguirem o cortejo caso quisessem ser salvos das chamas do inferno. Ele então faziam um círculo na praça principal e davam início a um ritual de autopunição, utilizando chicotes de couro com dentes de ferro, que faziam o sangue jorrar das feridas abertas.
Na época da peste as feridas dos flagelantes aceleravam ainda mais a disseminação do bacilo assassino.
Marcelo Gleisser, doutor pelo King College (Inglaterra) e professor de física e astronomia no Dartmouth College (EUA) coleciona em seu livros diversos casos semelhantes e tenta uma explicação muito próxima da antropologia e filosófica.
Para ele o ser humano é assombrado pela consciência de que sua existência terá um fim.
Todos os nossos esforços têm sido no sentido de driblar essa irreversibilidade do tempo e nos tornarmos imortais. Todos fazemos algo que preserve nossa memória e das quais as pessoas possam se lembrar de seus autores após as suas mortes. Alguns têm filhos, outros elaboram teoremas matemáticos, outros escrevem resenhas em jornais.
Segundo Gleisser, nos rituais religiosos, por exemplo, nós procurarmos imitar Deus na tentativa de ser como ele e compartilhar de sua imortalidade: “Quando suspendemos a passagem do tempo, quando nos tornamos imortais como os deuses, a vida e a morte passam a coexistir, e os mortos podem então caminhar ao lado dos vivos. Para isso criamos o infinito e o eterno, dedicando-nos de corpo e alma à nossa fé, qualquer que ela seja. A fé consola e justifica”.
Como resposta à fragilidade e transitoriedade da vida humana, nós voltamos nossos olhos para o céu. Se os deuses falam através dos corpos celestes, descobrir a forma como esses agem é decifrar a linguagem dos deuses. “De Platão a Einstein, muitos dos maiores filósofos e cientistas de todos os tempos dedicaram-se ao estudo dos céus, não apenas por razões práticas, mas numa tentativa de elevar a mente humana para aproxima-la da do Criador”, escreve Marcelo Gleiser.
O resultado dessa busca ao mesmo tempo maravilhosa e aterradora, o leitor confere no livro de Gleiser.

Compre o livro O fim da terra e do céu no Submarino.

O candidato mais sincero do Brasil




Diretamento do blog Agulha Hipodérmica (indicação da Lilian, do blog Não me conte seus segredos)

O monstro da lagoa negra

A coisa pegajosa deu um passo. Peixes espalharam-se, em desesperada carreira. A criatura olhou para eles e divertiu-se. Tentou pegar alguns, mas eles escapavam por entre seus dedos.
E deu um segundo passo. O lodo depositado no fundo do lago elevou-se como poeira, envolvendo-o.
Um terceiro passo. E um quarto...
Por fim a cabeça – se é que se poderia chamar assim aquele amontoado negro e disforme – emergiu da água.
A coisa sentiu o ar e não gostou. Ele pareceu-lhe opressor, sujo e feio. Não era como a calma e pacífica água. Nada do silêncio solene do lago.
Bichos barulhentos e bípedes fugiam à sua presença. Eram feios e estranhos. Entre eles, no entanto, havia uma criatura bela. Ele a segurou pelo tronco e a levou para o lago. Agora ele tinha uma noiva. E talvez dentro da água ela parasse de gritar...

O MONSTRO DA LAGOA NEGRA II

Assassinos da lagoa negra são condenados à pena de morte
(Agência Vanguarda - EUA) Os três rapazes e as duas moças que estavam sendo acusados de assassinar uma amiga em uma lagoa perto da cidade de Springfield foram condenados à pena de morte ontem. Eles alegavam que a moça havia sido levada para o fundo do lago por uma criatura disforme, mas o juri considerou a história inverossímil.
A história do crime começou há um ano quando, os três casais resolveram passar uma noite na beira da Lagoa Negra, nos arredores de Springfield. Os rapazes admitem que o objetivo era assustar as garotas com a história do monstro disforme que, segundo lendas, vive na lagoa. Na mesma noite eles voltaram para a cidade e avisaram sobre o desaparecimento de Lisa Swfit. Eles alegavam que ela havia sido raptada pelo suposto monstro.
Várias buscas foram realizadas pelos policiais, mas ninguém foi encontrado nas matas ao redor da lagoa. Chegou a ser usada uma draga para achar o corpo da moça, mas nada foi encontrado.
Durante o julgamento, o promotor definiu como ridículo a história do grupo e lembrou que os rapazes teriam motivos para matar Lisa, que estaria tendo um caso com os dois.
Um dos rapazes, Bartolomeu Simpson, chegou a dizer que Lisa provavelmente ainda estava viva, com seu noivo de lodo.
O advogado de defesa argumentou que todos eram desequilibrados mentais, mas não conseguiu convencer o juri.
A execução dos réus ocorrerá dentro de um mês.

quarta-feira, setembro 17, 2008

MP lança nova Consulta Pública e Campanha de Combate à Corrupção Eleitoral
Nesta quinta-feira (18), o Ministério Público realiza uma nova Consulta Pública para saber o que a sociedade amapaense espera do futuro prefeito. O objetivo é contribuir com a administração do futuro gestor municipal. Na mesma data, será lançada a Campanha de Combate à Corrupção Eleitoral contra a venda de votos, com distribuição de folder´s informativos.
Serão disponibilizados dois terminais de auto-atendimento em frente ao prédio da Procuradoria-Geral de Justiça, e ainda um formulário no site do Ministério Público, nos quais a comunidade poderá opinar/sugerir em quais serviços públicos o próximo prefeito deve atuar prioritariamente.
O Procurador-Geral de Justiça, Márcio Augusto Alves, informou que, ao fim da consulta, os dados serão entregues ao futuro prefeito, “para que ele tenha uma visão geral da sociedade, das necessidades prioritárias dos investimentos públicos e, com isso, tenha muito mais legitimidade em sua atuação”
Acesse o formulário clicando aqui.

Exploradores do desconhecido


Franco de Rosa é um dos cara que mais entendem de quadrinhos no Brasil. Foi um dos primeiros a publicar mangás hoje famosos, como Lobo Soltário. Atualmente ele é um dos sócios da editora Opera Graphica (que publica, entre outros, o clássico Príncipe Valente) e editor de revistas da editora Escala, como a Discutindo Literatura. Mandei um convite para que ele conhecesse a série Exploradores do Desconhecido e olha o que ele respondeu:


Gian e Jean...
Que trabalho fabulos. Fiquei deslumbrado. É como descobrir um clássico inédito. Pôxa. É como ler obras primas como as tiras de Star Wars e Tarzan de Russ Manning. Esse grafismo limpo. As cores com acento em azul. O texto pautado e bem cadenciado. O argumento inteligente e pausado.
Não suporto a confusão narrativa dos super-herois atuais. É um embuste. Empetecam as coisas para camuflar a fragilidade do enredo e a repetição.
Os acadêmicos Dave Gibbons, Russ Heath, Claudio Villa e Steve Dillon são meus preferidos. E Jean está no nivel deles. Mesma posição. Fabuloso.
Gostei de ler as tiras neste formato de internet. Com tiras duplas de vez em quando. E em capítulos. Acredito até que a luz do monitor auxilie na difusão da cor e nos tons.
Fica lindo assim.
Estou recomendando aos amigos.
Parabens a dupla. Sucesso.
Abraço.
Franco


Para quem ainda não conhece, a série pode ser acessada no endereço: http://exploradoresdodesconhecido.com/

A navalha de Ockhan



Ontem eu estava debatendo com meus alunos sobre o filme Contato e surgiu a questão da navalha de Ockhan, um princípio científico criado pelo filósofo Guilherme de Ockham segundo o qual, diante de duas explicações para o mesmo evento, as duas com as mesmas possibilidades, a mais simples, com menos variáveis, é a mais correta.


Existe um site chamado Projeto Ockhan que explora esse princípio para criticar os que os acreditam em fenômenos paranormais. Eles exageram bastante e, em alguns casos, são maldosos, como nos textos sobre subliminares, em que colocam no mesmo saco as pesquisas sérias sobre o assunto e as maluquices dos fanáticos. Mesmo assim, vale uma visita, até porque tem um bom texto sobre o filósofo, logo na abertura.


Sobre essa questão da linguagem, existe um caso interessante. Em meados da década de 1990, um físico norte-americano chamado Alan Sokal enviou para uma revista social um texto no qual fazia a relação da sociologia com a física. O artigo não só foi aceito, como acabou ganhando destaque no editorial com mil e um louvores. Pouco depois ele publicou um outro artigo, em outra revista, intitulado ¨Físico faz experiência com revista social¨no qua dizia que sem texto não tinha nem pé nem cabeça e só havia sido aceito porque os editores não tinham entedido nada e, portanto, acharam que devia ser genial.

Cinco anos!



O texto abaixo foi escrito em 2003, a respeito do livro Manual de redação jornalística, que eu havia enviado para análise por parte da editora Contexto. É um problema que enfrento até hoje. Meu livro sobre metodologia científica tem sido sistematicamente recusado pelas editoras com a alegação de que a linguagem é simples demais (e esquecem o princípio científico da simplicidade, também chamado de navalha de ockan). Como resultado dessa visão, a quase totalidade de livros acadêmicos que encontramos nas livrarias são incompreensíveis para os estudantes. Na área de metodologia científica, então... há livros que nem eu consigo entender...

MAIS DO MESMO

Recentemente enviei meu livro “Manual de Redação Jornalística” para avaliação por parte de uma editora do Sudeste. Esse livro foi escrito para superar uma falha em todos os livros sobre o assunto. Todos eles parecem ter sido escritos para quem já entende de redação jornalística, mas precisa se adequar à normas de uma determinada casa. É o caso, por exemplo, do mais famoso, o Manual de Redação da Folha de São Paulo.

Não há um livro que tenha sido escrito para estudantes que nunca tiveram contato com a redação jornalística, que não sabem o que é lide ou como se escreve uma manchete. Na época em que o escrevi, eu trabalhava com alunos de seqüencial e, embora alguns já fossem jornalistas, outros não tinham a menor idéia de como funcionava o texto jornalístico. Os livros existentes simplesmente não davam conta do recado.

Na edição que foi publicada por uma faculdade de Macapá, acrescentei ilustrações nas bordas e pequenos comentários que ajudavam a fixar o conteúdo do texto.

Alguns desses livros foram enviados para bibliotecas de universidades que têm o curso de jornalismo e qual foi minha surpresa ao encontrar, no congresso Intercom, com vários professores que estavam utilizando meu livro na sala de aula. Todos me diziam o que eu já havia percebido: os livros atualmente existentes no mercado são pesados demais, prolixos demais, técnicos demais e pareciam ter sido escritos para pessoas que já dominam a técnica jornalística.

Eu achava que esse poderia ser um diferencial interessante do livro, mas me enganei. A comissão editorial avaliou o livro e considerou que ele era muito pequeno. Pensei em acrescentar capítulos sobre redação jornalística em TV, rádio e internet, além de um capítulo sobre teoria do jornalismo. Sempre com uma linguagem simples e objetiva.

Mas o problema era justamente o oposto. Meu livro era objetivo demais. Segundo o editor, para ser avaliado, meu livro precisava ter algo entre 150 e 200 páginas em formato A4. Isso publicado em formato A5 dá algo em torno de 300 páginas, uma vez que a página de livro tem mais ou menos metade do texto de uma folha A4.

Em outras palavras: para publicar meu livro eu teria que transforma-lo em um tijolão prolixo e técnico, justamente o que os alunos não gostam em um livro desse tipo.

Além disso, segundo o editor, “Só valeria a pena investir em uma obra que inovasse e conseguisse sair do lugar comum dos livros sobre o assunto”.

Em outras palavras: faça diferente, mas faça como todo mundo já faz. Vai entender.

terça-feira, setembro 16, 2008

Desculpe, foi engano


Acho que o meu telefone não gosta de mim. Afinal, ele só toca quando estou dormindo, quando entrei no banheiro, ou estou no quintal, molhando as plantas. Os velhos amigos do tempo da faculdade parecem só decidir me ligar quando estão com insônia. Mas nada disso me irrita tanto quanto os enganos.
A cada “Desculpe, foi engano” a úlcera dá mais um passo em direção ao controle total sobre meu estômago. Como medida defensiva, passei a aplicar o trote ao contrário.
Se você nunca experimentou, tente. O trote ao contrário é tão relaxante que é até capaz de fazê-lo esquecer que foi acordado às quatro da manhã, no meio de um sonho com a Giulia Gan.
O grande segredo é não dizer que é engano. Entre na onda, faça de conta que a pessoa mora mesmo ali.
- Alô, gostaria de falar com a Marisa.
- Quem tá falando?
- O João, o namorado dela.
- Ei Marisa, é aquele panaca do João! Você não estava namorando com um tal de Paulo? O quê? Ah, sim... pode deixar que eu digo! Alô, João? Eu me enganei, a Marisa não está...
Certa vez me ligaram da Guiana Francesa.
- Alô, aqui é o Miguel, da Guiana Francesa. Eu queria falar com o Bode.
- O Bode não está, mas se você quiser falar com a Cabrita, eu chamo.
- Ah ah ah! Entendi! Foi engano... desculpe, eu vou desli...
- O que é isso? Você me liga de madrugada e depois quer desligar assim, sem mais nem menos? Vamos pelo menos conversar um pouco... Como é a Guiana Francesa? A ligação para cá é muito cara?
Consegui segurar o otário no telefone mais de cinco minutos. Certamente ele pagou caro pelo engano...
Às vezes eu me empolgo.
- Alô?
- Alô, quem fala?
- É a Maria. Eu queria falar com...
- PARABÉNS MARIA! Você acaba de ligar para a rádio Caribé! E já está concorrendo a uma legítima sandália Bahiana. Para ganhar você só precisa responder a uma pergunta: qual é a cor do cavalo branco do Napoleão?
- Deixa ver... acho que é branco...
- E... EXATO! Você recebe seu prêmio na portaria da rádio, Rua Mato-Grosso, 1627!
Meia hora depois eu recebo outro telefonema.
- Alô, aqui é Maria de novo. É que eu não consegui achar o endereço...
- Não tem problema. Volte para casa e nós entregamos no seu endereço... E não esqueça de ouvir a rádio Caribé, hein?
É, eu costumo ser sádico com quem liga para minha casa sem verificar o número. Mas o meu episódio preferido foi de um cara que não sabia nem para quem estava ligando.
- Alô, eu gostaria de falar com a garota...
- Como assim? Que garota?
- A garota que mora aí. Eu não lembro o nome dela.
Só esse início foi o suficiente para que eu percebesse que se tratava de uma vítima em potencial.
- Peraí. Você nem sabe o nome dela? Eu preciso de mais dados para poder te ajudar. Como foi que você se conheceram?
- No barzinho da praça, no ano-novo.
- Foi mesmo? O que aconteceu entre vocês?
- A gente se deu uns amassos, mas não rolou sexo não.
- Sei, sei... e aí ela te deu telefone. Qual é mesmo o seu nome?
- Mário.
- Aí ela te deu esse telefone, Mário... e como é essa garota?
- Ah, alta, loira, com uns peitões...
- Olha, Mário... aqui em casa só mora eu e minha mulher... e eu estou rastreando sua ligação...
Tu tu tu tu tu

segunda-feira, setembro 15, 2008


Para quem gosta de ficção-científica, uma grande dica é a série alemã Perry Rhodan. Ela foi publicada no Brasil na forma de livro de bolso durante décadas, especialmente nos anos 1980, quando fez muito sucesso. Na série de livros, um astronauta encontra na Lua um grupo de extraterrestres sobreviventes de um desastre e os traz para a Terra, o que acaba transformando totalmente a história do mundo (isso provoca, por exemplo, o fim da guerra fria e a união da humanidade em torno de um objetivo comum). Embora seja uma série comercial, teve momentos grandiosos, de verdadeira literatura. Para quem quiser conhecer, é possível baixar vários volumes na net. Basta clicar aqui. Ah, nessa mesma página também está disponível o fanfic O Portal das Probabilidades, que eu escrevi com os personagens.

Fomos no final de semana na Expofeira. Está ficando a cada ano melhor, com muitas atrações. O desfile do SEBRAE, com roupas elaboradas por estilistas locais foi uma das coisas interessantes, especialmente os elaborados pelos alunos de design do CEAP, que aproveitaram o estilo maracá-cunani. Além das peças serem muito bonitas, o desfile foi um show. As crianças também se impressionaram muito com um fabricante de mel que levou abelhas vivas para a feira.
De ruim mesmo, só o estacionamento. Tivemos nosso carro riscado e demoramos meia-hora para conseguir sair do parque. Uma desorganização total e absoluta.
Sei que isso sairia muito caro para o TRE, mas a verdade é que deveria ter eleição todo ano. Só assim Macapá toma jeito. Já perceberam que basta chegar o período das eleições e a cidade vira um canteiro de obras? E já perceberam que o asfalto que é usado nas ruas desaparece no primeiro período de chuvas? Pensando bem, devia ter eleições de seis em seis meses...

domingo, setembro 14, 2008

História dos quadrinhos

Para ler o pato Donald

No início da década de 1970, um pequeno e divertido livrinho, publicado no Chile, caiu como uma bomba no mundo dos quadrinhos infantis. “Para Ler o Pato Donald”, de Ariel Dorfman e Armand Mattelart, foi escrito num período em que o governo de Salvador Allende se debatia para sobreviver às pressões do imperialismo norte-americano.
A idéia de Dorfman e Mattelart era justamente denunciar a ideologia imperialista que dominava as aparentemente inocentes histórias infantis de Disney.
A primeira descoberta dos autores foi com relação à vida familiar. Não há nenhum vínculo familiar direto nas histórias de Pato Donald e Companhia. Todos são tios ou sobrinhos de alguém.
Recentemente um desenhista espanhol descobriu uma HQ, escrita e desenhada por Carl Barks (o criador do Tio Patinhas e de boa parte dos personagens de quadrinhos da Disney), em que aparecem os pais de Donald. Tudo indica que essa história foi escondida por Disney, que queria que os personagens se identificassem com ele (Disney tinha dúvidas se era um filho legítimo e se considerava órfão).
Além de não ter laços familiares diretos, os personagens são movidos apenas pela ambição do dinheiro. Não há relações de amizade desinteressada, apenas relações comerciais.
O amor de Margarida, por exemplo, é exemplificado na conversação abaixo, reproduzida no livro:
Margarida: Se você me ensina a patinar esta tarde, darei uma coisa que você sempre desejou.
Donald: Quer dizer...?
Margarida: Sim... A minha moeda de 1872.
Sobrinho: Uau! Completaria nossa coleção de moedas, Tio Donald!
O exemplo demonstra que nas histórias da Disney as relações são sempre de interesse e quase sempre interesse financeiro.
No mundo de Disney, Patópolis representa os EUA e todos os povos não americanos são mostrados de forma depreciativa.
Os povos não civilizados, metáfora do Terceiro Mundo, são como crianças. Afáveis, despreocupados, ingênuos, felizes, têm ataques de raiva quando são contrariados, mas é muito fácil aplacá-los com quinquilharias. Aceitam qualquer presente, até mesmo os seus próprios tesouros. Alguns fazem artesanato. Não os compre, aconselham Dorfman e Mattelart, poderá consegui-los gratuitamente mediante algum truque.Desinteressados, esses povos bárbaros entregam todas as suas riquezas em troca de qualquer bugiganga, seja um relógio de um dólar ou bolhas de sabão.
Embora seja muitas vezes agente do imperialismo, Donald é também vítima desse mesmo imperialismo.
O Tio faz e desfaz dele e obriga-o a viajar às regiões mais longínquas do planeta e jamais o recompensa satisfatoriamente.
Alguns estudiosos posteriores se perguntaram porque Donald não se rebela contra a tirania do Tio. A resposta é simples: ele tem esperança de um dia herdar a riqueza de Patinhas.
Da mesma forma, a América Latina tem a esperança de se tornar um país desenvolvido. Criou-se até a expressão países em desenvolvimento para expressar essa vontade.
Mas o Tio Patinhas nunca morre. Aliás, é bastante provável que ele sobreviva ao sobrinho, pois é sempre Donald que se arrisca nas missões perigosas.
Criticado por muitos e elogiado por outros tantos, o trabalho de Dorfman e Mattelart deixou frutos, influenciando toda a pesquisa latino-americana de comunicação.
Muitos pesquisadores se debruçaram sobre os jornais, as revistas, a televisão e cinema e demonstraram o quanto essas mídias estão impregnadas de ideologia imperialista.
Quanto aos autores, tiveram trajetórias opostas. Mattelart voltou para a Europa, tornou-se um “pesquisador sério” e aparentemente rejeitou seus primeiros escritos.
Dorfman exilou-se nos EUA na época do ditadura Pinochet, tornando-se um autor de teatro, cinema e literatura. Seus escritos são sucesso de público e de crítica. O filme “A Morte e a Donzela”, com roteiro de Dorfman, é uma das obras-primas do cinema norte-americano da década de 90.
¨Para ler o pato Donald¨ começou a ser seriamente questionado por pesquisadores quando se descobriu que os autores haviam alterado as falas de alguns quadrinhos. Além disso, entrevistas feitas com Carl Barks mostram que, provavelmente, o conteúdo ideológico de direita tenha mais a ver com as convicções do desenhista do que com pressões patronais. Barks odiava Karl Marx.

Clique aqui para baixar o livro no Sebo Digital.

sábado, setembro 13, 2008

Candidatos que dificilmente serão eleitos



Do site Charges.com.br

O jornal da TV Amapá apresentou hoje uma bela matéria da Simone Guimarães sobres as borboletas amarelas que são uma das grandes atrações de Macapá. Realmente, essa é uma das grandes atrações da cidade. Dia desses estava dirigindo na Padre Júlio, em frente ao quartel, e me deparei com uma verdadeira nuvem de borboletas amarelas. Um belo espetáculo.

Do meu livro sobre nazismo (nas bancas)


Por que Hitler não foi contido logo no início?

Os políticos convencionais demoraram muito para perceber que Hitler era uma ameaça. Logo no início do partido nazista, em 1922, ele foi preso por liderar um ataque a um grupo político rival. Alguns membros do governo sugeriram sua deportação para Áustria, já que oficialmente ele ainda era austríaco. Mas muitos outros integrantes do governo achavam que seu discurso magnético e as milícias que controlava seriam úteis no confronto contra os comunistas. Eles acreditavam que alguém como ele, sem experiência política, seria facilmente contido se ameaçasse fugir do controle.
A ameaça dos comunistas também fez com que muitos industriais importantes, como o presidente da União dos Trabalhadores do Aço, Fritz Von Thyssen, fizessem doações vultosas para o partido nazista. Só Von Thyssen doou 25 mil dólares ao partido. Também grandes fazendeiros faziam suas doações, achando que investindo em Hitler estariam afastando de si o fantasma de um governo socialista.
Quando Hitler tomou o poder e começou a armar a Alemanha, as grandes potências da época, em especial a França e a Inglaterra, não interferiram por achar que um governo de extrema direita afastaria a possibilidade da Alemanha se tornar socialista.
Também achavam que a falta de experiência diplomática e militar de Hitler faria com que ele fosse facilmente neutralizado se tentasse sair dos trilhos. Estavam todos errados.
No sábado passado estávamos indo para a Expofeira quando um transformador estourou na rodovia JK, pouco depois da Unifap. Lembro que o fato assustou todo mundo e eu, inclusive, temi pela vida de alguns ciclistas que iam no lado direito da pista, já que o transfomador começou a soltar faiscas e parecia que um fio elétrico ia cair na pista. Eu estava passando no momento exato e não vi ninguém nas proximidades, ou subindo no poste, ou algo assim, de modo que a explicação óbvia para mim era de que se tratava de uma fatalidade, um problema no transformador, como, aliás, já aconteceu aqui perto de casa. Então foi uma grande surpresa para mim ao ver o comunidado oficial do Governo, acusando adversários políticos de terem sabotado o transformador. Ué, dá para danificar o transfomador e programar ele, como uma bomba relógio, para só estourar depois que se tiver ido embora? Só se for, pois posso garantir que não havia ninguém mexendo no transformador no momento em que ele estourou...
Não acho que seja certo os adversários políticos do governador usarem a falta de energia da Expofeira contra ele, já que, evidentemente, foi uma fatalidade, mas acho que também não é certo o governo acusar quem quer que seja injustamente...

sexta-feira, setembro 12, 2008


O site 100grana trouxe uma matéria interessante sobre a Rede Brasil, a mais nova rede de televisão do Brasil. A Rede Brasil tem o diferencial de trabalhar com uma programação voltada para seriados, bons filmes... um pouco de fôlego na péssima programação da TV aberta. Um dos destaques é um seriado da BBC baseado nos livros Crônicas de Narnia. Alguém sabe se pega em Macapá?
Abaixo a programação deles no domingo (o pior dia da TV brasileira, na maioria da emissoras):
06h00 Sintonia0
7h00 As Crônicas de Narnia
7h30 Família Adams
08h00 No Alto da Serra
09h30 Manhã Criança
13h00 Sintonia
14h00 A Pantera Cor de Rosa
14h30 Família Adams
15h00 Programa Celso Russomanno
16h30 Pica Pau
16h45 O Homem do Rifle
17h15 Daniel Boone
18h10 As Novas Aventuras do Super Homem
19h00 Super Series - Casal 20
20h00 Super Series – Miami Vice
21h00 Controle Remoto reprise
22h00 Cine Rede Brasil: In July, o Outro Lado das Férias
23h40 Semana Robert De Niro: Desafio no Bronx
01h40 Super Papo
02h10 Os Trens Mais Luxuosos: The Royal Canadian Pacific0
3h10 Sessão da Madrugada: Ali Baba e os
40 Ladõres0
4h45 Charlie Chaplin
5h15 O Homem do Rifle
05h40 Família Adams

A amiga Márcia Correa manda avisar:

Nesta sexta (12) tem Concerto de Verão no Largo dos Inocentes, com o grupo Amazon Jazz, às 20 horas. É uma realização da Confraria Tucuju. Música de excelente qualidade, ao ar livre, com muito vento e gente bacana, atrás da Matriz de São José.

quinta-feira, setembro 11, 2008

Idéias de Jeca-tatu



Estou escrevendo um artigo para a revista Discutindo Literatura (ed. Escala) intitulado ¨Lobato versus modernistas: a guerra que não existiu¨ e me lembrei de uma pergunta que sempre me fazem: por que este blog se chama Idéias de Jeca Tatu. Trata-se de uma homenagem a Monteiro Lobato, que escreveu um livro com esse nome no qual colocou suas idéias sobre arte e literatura. ¨Jeca Tatu, coitado, tem poucas idéias nos miolos. Mas, filho da terra que é, integrado como vive no meio ambiente, se pensasse, pensaria assim. Justifica-se pois o título¨, escreveu Lobato no prefácio.
Esse foi também o título de um fanzine que editei, no início dos anos 1990. O Idéias foi um dos primeiros fanzines literários do Brasil (hoje existem muitos). Então era mais ou menos óbvio que eu chamasse este blog de Idéias de Jeca Tatu, já que nele, assim como Lobato fez em seu livro, eu coloco minha opinião sobre a arte a literatura e, essencialmente, o mundo.

A Alcilene Cavalcante lançou, em seu blog, uma questão interessante: onde você estava no 11 de setembro? Eu estava numa loja de informática, comprando nosso segundo computador. A televisão estava ligada, mas ninguém prestava atenção. De repente apareceu a imagem das torres gêmeas e todo mundo parou para olhar. Deu uma sensação de estar vendo a história acontecer...

quarta-feira, setembro 10, 2008

Tira de Gian Danton e Jean Okada resgata ficção-científica clássica


A tira de ficção-científica Exploradores do Desconhecido, de autoria de Gian Danton (roteiro) e Jean Okada (desenhos) inaugurou um site próprio. Agora as aventuras dos personagens podem ser acompanhadas no endereço http://exploradoresdodesconhecido.com/?p=5.
A idéia, ao criar a série Exploradores do Desconhecido, foi fazer uma HQ no estilo clássico, juntando a ficção-científica hard com a space opera. A influência principal é a série de ficção-científica alemã Perry Rhodan, mas há também traços de Jornada nas Estrelas e Flash Gordon. ¨Há muito tempo não se vê algo assim nas bancas, ou mesmo na web. São poucos os quadrinhos voltados para os fãs de ficção-científica, embora esse público seja grande¨, diz Gian Danton.
A escolha do formato tira também é intencional. A idéia é resgatar a emoção de ir acompanhando uma aventura aos poucos. ¨Sempre fui fã de webcomics e queria fazer algo que tivesse essa magia das tiras de aventura¨, afirma Jean Okada.
Exploradores do Desconhecido acompanha as aventuras de um grupo de aventureiros espaciais de várias nacionalidades (inclusive um brasileiro) em sua missão de reconhecimento. A primeira aventura, Operação salto quântico, mostra a tripulação indo parar em uma realidade alternativa.

Preço e o merchandising


Merchandising é uma parte do mix promocional que faz com que o ponto de venda seja o mais atrativo para a venda o quanto possível. Um loja com bom merchandising vende mais do que aquela que é deficiente nesse ponto. E o preço é um elemento importante nisso. O consumidor tem que ver o preço nos produtos para se sentir estimulado a fazer compras de impulso. Não há nada mais chato do que ter de ficar chamando o vendendor para saber o preço deste ou daquele produto... e quando isso é necessário, muitos clientes simplesmente desistem, pois pensam: ¨Talvez seja mais caro do que o que eu posso pagar¨.

Um bom exemplo disso é o sebo Catinho Cultural, que já divulguei aqui, com bastante entusiasmo. Com o tempo acabei descobrindo um incoveniente: os livros do sebo simplesmente não têm preços. Como não gosto de ficar perguntando preços, acabei deixando de ir lá. Agora vou lá muito de vez em quando, olho e só pergunto o preço se for algo que realmente tenha MUITO interesse. Ou seja, nada de compra de impulso...

Acabei de receber meus exemplares da revista Prismarte Conspirações Tupiniquins. Está muito bom. Um ótimo trabalho editorial. As biografias dos autores, por exemplo, são apresentadas na forma de fichas policiais. A minha ficha diz: ¨Gian Danton (36) é rotierista de quadrinhos desde 1989. Já trabalhou para várias editoras de quadrinhos e ganhou o prêmio Ângelo Agostini de 2000. É acusado de ter escrito os roteiros das histórias Bin Laden, Brasil e charutos cubanos e PC Farias. Ele nega e diz que não tem nada a ver com a morte de PC Farias¨.

Algumas teorias da conspiração apresentadas na edição:

A urna eletrônica é realmente confiável?
Quem matou Tancredo Neves?
Quem matou PC Farias?
As invenções brasileiras creditada a outros países
O ET de Varginha
A internacionalização da Amazônia
Além das HQs, a revista traz um texto meu sobre a Seita dos 500 quadrinistas.
Como tenho mais de um exemplar, vou dar um para um leitor. Para isso, vale o de sempre: quem comentar mais até o dia 10 de outubro leva um exemplar para casa, ok?

Olha a dengue aí!


Ontem teve comício do candidato Roberto Góes na principal rua do bairro do Congós. O resultado foi essa sujeira que vocês podem ver na foto: copos descartáveis, garrafas de água e refrigerante, banderolas e restos de rojões. Uma sujeira só. Se não bastasse isso, o carro de som ainda ficou lá, atrapalhando o trânsito. Como é que um candidato que diz que vai limpar Macapá pode deixar uma sujeira dessa?
O candidato pode dizer que não foi ele que sujou, mas sim seus correligionários. Mas mesmo assim a responsabilidade é dele. Na época dos protestos organizados por Gandhi, na Índia, os seus seguidores eram orientados a não revidar aos ataques dos policiais, mesmo que fossem provocados. Resultado: mesmo quando os ingleses batiam, os indianos não revidavam. Isso é liderança.
Uma medida muito simples poderia impedir essa sujeira toda. Bastava o locutor e o candidato pedirem às pessoas para não jogarem lixo no chão e uma ou duas pessoas passarem com sacos de lixo, afinal, educação também deve ser uma meta de um prefeito, não é verdade? E educação começa por não jogar lixo no chão.
Diante de tanto lixo após a passagem do comício, das duas, uma: ou o candidato não tem liderança, ou não está nem aí para a limpeza da cidade e, consequentemente, para a dengue.
(é bom avisar. Também vou fiscalizar os comícios dos outros candidatos que passarem aqui pelo bairro, ok?)

terça-feira, setembro 09, 2008

Hoje é o dia do administrador!

Parabéns aos alunos, professores e profissionais da área de administração. Para comemorar, coloco aqui um anúncio publicitário que lembra a importância do administrador numa empresa.

Marshall McLuhan

Alguns filósofos têm idéias tão independentes que é absolutamente impossível encaixa-los em uma corrente de pensamento. É o caso do canadense Marshall McLuhan. Um dos pesquisadores de comunicação mais criticados de todos os tempos, e também um dos mais influentes, McLuhan criou teorias que delinearam nossa visão de mundo e nos fizeram ver com outros olhos os Meios de Comunicação de Massa. Seu pensamento pode ser resumido em três teorias: os meios de comunicação como extensões do homem, os meios são as mensagens e aldeia global.
Para McLuhan, o homem age sobre a natureza criando extensões de seu próprio corpo. Uma metáfora disso nos foi apresentada no filme 2001 – uma odisséia no espaço, de Stanley Kubrick. Vários antropóides estão guerreando quando um deles tem a idéia de pegar um osso e utiliza-lo como arma. Rapidamente ele percebe que aquela extensão de seu braço era mais eficiente do que o braço em si. Ao final da cena, ele joga o osso para cima e este se transforma em uma nave espacial.
Kubrick queria dizer que o mesmo princípio unia tanto o osso quanto a espaçonave: ambas eram extensões do corpo humano. Se o osso era extensão do braço, a nave era uma extensão do pé. Isso mesmo: o pé. Qualquer forma de transporte, seja um cavalo, uma carroça, um navio ou um avião, nos ajuda a nos movimentarmos e, portanto, é mais eficiente que simplesmente andar.
Da mesma forma, quase tudo que temos à nossa volta é uma extensão de nosso corpo ou de nossos sentidos. A roupa é extensão da pele, a faca é uma extensão dos dentes, o livro é uma extensão de nossa memória. Assim, todo meio de comunicação também é uma extensão: o rádio da boca (para quem fala), do ouvido (para quem ouve), a televisão dos olhos e do ouvido, o computador de nosso cérebro, etc.
Outra teoria importante de McLuhan foi expressa na frase “os meios são as mensagens”. McLuhan afirmava que não fazia sentido estudar os conteúdos do rádio, da televisão ou da internet. O importante é que todo meio de comunicação modifica a psicologia a forma de organização social das pessoas que o utilizam.
Para McLuhan, “a mensagem de qualquer meio ou tecnologia é a mudança de escala, cadência ou padrão que esse meio ou tecnologia introduz nas coisas humanas”.
Para exemplificar, é possível voltar à época em que o homem se organizava em pequenas aldeias. Nesse período, a comunicação era predominantemente oral. As pessoas recebiam informações pelo ouvido e olho era um sentido a mais que nos permitia, por exemplo, captar o gestual de quem falava. Havia um contato direto entre o emissor e o receptor. Além disso, era uma comunicação com envolvimento e voltada para a prática. Ao ensinar o neto a pescar, o vovô não gastava horas falando sobre os aspectos teóricos do pescar. Ele pegava anzol, caniço, isca e, ao mesmo tempo em que falava, mostrava para o garoto como se fazia, e este, em seguida, repetia a ação.
O tipo de comunicação utilizado não permitia que as pessoas se organizassem em grupos muito grandes, pois a aldeia, segundo definição de McLuhan, é o grupo de pessoas que consegue ouvir o líder. De fato, entre os indígenas brasileiros, quando um agrupamento se torna muito grande, ele se divide em duas aldeias.
A invenção da escrita mudou tudo. Com um novo e eficiente meio de comunicação, foi possível criar grandes agrupamentos humanos. Além disso, os líderes, que até então tinham poder relativo, tornaram-se reis com poder absoluto. Através da escrita eles podiam enviar suas ordens a todos os súditos. Por outro lado, através dos escribas, o governante podia controlar a produção de riqueza e instituir impostos. A escrita inventa também o universo classificador, em que todas as coisas definidas pelas classes nas quais se encaixam. Esse universo trabalha com categorias mutuamente excludentes e hierarquicamente organizadas. Assim, um gato, no universo classificador, é um animal, vertebrado, mamífero, felídeo, etc...
Antes da escrita havia apenas os universos relevante (em que as informações são definidas pela importância que têm para cada pessoa) e relacional (em que as informações são definidas pelas suas relações com as outras coisas. Por exemplo, para o universo relaciona, o gato é o animal que caça o rato.
O universo classificador criou condições para o surgimento da burocracia e do exército, com sua hierarquia.
Nova revolução ocorre quando é inventada a imprensa. Com essa nova forma de comunicação, as informações se popularizaram e agora cada pessoa podia ler o seu livro ou o seu jornal sozinho (antes era mais comum que as pessoas lessem em grupos). Com isso surge a idéia de individualidade e de direito autoral. Como os impressores achavam mais rendoso publicar nas línguas nacionais do que em latim (já que o público era bem maior), a imprensa também acaba criando a idéia de nação e de nacionalismo. A popularização da informação tira dos mosteiros o papel de detentores da informação. Tudo isso enfraquece o poder do Papa e cria condições para o surgimento das monarquias absolutas e do protestantismo.
McLuhan chamou Galáxia de Gutemberg a esse mundo criado pela imprensa.
O pensamento linear, que já se delineava no mundo da escrita, torna-se o padrão na Galáxia de Gutemberg: todas as coisas devem ser organizadas de forma que haja uma relação de início, meio e fim, como, aliás, acontece com os livros.
McLuhan percebeu que em sua época (década de 60), uma nova revolução estava se delineando motivada pelos novos meios de comunicação de massa, em especial a televisão. Para ele, a TV e o rádio estavam devolvendo o ouvido ao homem, que havia caído em desuso na Galáxia de Gutemberg.
Por outro lado, a TV, por ser um meio frio (de baixa resolução), levava a um maior envolvimento por parte do receptor, da mesma forma que ocorria na época em que vivíamos em aldeia.
Para o filósofo canadense, a TV e as canções pop estavam novamente unindo pensamento e ação. Isso podia ser percebido nos protestos contra a guerra do Vietnã. O fato de a TV mostrar as atrocidades cometidas pelos soldados norte-americanos levou a população dos EUA a se mobilizar contra a guerra. O exercito norte-americano sabe muito bem dessa força da imagem televisiva, tanto que na Guerra do Golfo impediu as emissoras de TV de mostrarem detalhes do conflito.
Com a criação da internet um novo mundo começa a se delinear. O surgimento de uma rede de comunicação impossível de se controlar, na qual os emissores também são receptores, muda muita coisa. Recentemente li uma matéria sobre um grupo de pessoas em diversos países que distribui pela internet informações que são ignoradas ou distorcidas pela televisão e outros meios de comunicação.
Isso nos leva a outra teoria de McLuhan: a idéia de aldeia global. Se, nos primórdios da humanidade, uma aldeia era definida pela quantidade de pessoas que podiam ouvir o líder, hoje o mundo todo pode ouvir as comunicações de uma liderança. Da mesma forma que na aldeia todos sabiam todos os acontecimentos de forma quase instantânea, hoje se sabe de tudo a velocidade incrível.
Os atentados terroristas que demoliram os Word Trade Center demonstraram isso bem. O mundo parou para ver esse fato. Para se ter uma idéia do alcance do acontecimento, no dia seguinte, na capital do Camboja, houve uma cerimônia budista pelas almas das pessoas que morreram nos atentados. Uma foto dessa cerimônia mostrava uma garotinha cambojana segurando uma bandeira dos EUA.
Os atentados de 11 de setembro mostram que McLuhan estava certo: o mundo é cada vez mais uma aldeia e cada vez mais as fronteiras nacionais deixam de ser importantes.

Compre o livro McLuhan por McLuhan no Submarino.