sexta-feira, maio 23, 2008


Como escrever quadrinhos 1
O QUE É UM ROTEIRO E PARA QUE SERVE

Durante algum tempo da história dos quadrinhos, desenhista e roteirista eram a mesma pessoa. Em outras palavras, havia um só artista, que bolava a história, escrevia, desenhava e, em alguns casos, até fazia o letreiramento.
Mas com o tempo foi possível perceber que nem todo bom desenhista é também um bom roteirista. Para ser bastante sincero, logo ficou claro que alguns desenhistas eram quase analfabetos.
Foi quando surgiu a figura do roteirista. Creio que o primeiro grande roteirista foi Lee Falk, autor de Mandrake e Fantasma. Falk criou verdadeiras lendas e tinha total controle sobre elas. Mas como ele podia fazer isso? Afinal, ele era apenas o escritor... Como ele poderia fazer com que o desenhista ilustrasse a história exatamente como estava em sua cabeça?
Se você respondeu “através do roteiro”, ganhou um doce.
O roteiro é uma invenção genial. Ele permitiu que uma pessoa incapaz de desenhar um círculo fizesse quadrinhos. Ele permitiu que artistas que não se conhecem, e nem mesmo moram no mesmo país, possam trabalhar juntos. E, finalmente, o roteiro abriu a possibilidade dos quadrinhos alcançarem uma qualidade literária e gráfica inimaginável.
Portanto, o roteiro é um veículo através do qual o escritor consegue orientar o desenhista, levando-o a ilustrar a história exatamente como ele imaginara.

2 comentários:

Anónimo disse...

tenho alguns amigos que ainda são avidos colecionadores de revistas marvel/DC que constantemente reclamam que as revistas de hoje "o roteiristas são mais importantes que os desenhistas", e como consequencia as estórias são arrastadas. Com uns dialogos imensos, paginas e paginas de imagens iguais onde os personagens conversam num estilo-ping-pong e nada (porradas) acontece.
Sem entrar nos meritos dos problemas desse tipo de quadrinho ( e de seus leitores) isso pra mim é uma estranha inversão da "era Image" que aconteceu há uns dez anos atras onde o importante eram os desenhistas e todo mundo era tão deslumbrado com isso.
Até que um dia todo mundo parou pra pensar : ei , cade a história que deveria estar aqui ?
Eram só umas cenas de porrada, um monte de pessoas anabolizadas fazendo pose e cara de raiva.definitivamente, incompletas ( bom, há quem goste disso, e até alguns nostalgicos já saudosos do "bom e velho" tempo da image, é claro).
Enfim,normalmente se vê essa situação como roteiristas versus desenhistas, mas pessoalmente acho que como quase tudo na vida a virtude esta no caminho do meio. Pra mim os melhores roteiristas de quadrinhos são aqueles que conseguem pensar visualmente, geralmente, os que são ou já foram desenhistas também.
E é claro, os que tem muita bagagem cultural. Geralmente o Desenhista que incorpora a tarefa de ser roteirista, só lê quadrinhos.

Meu nome não é Jonnhy

Gian Danton/Ivan Carlo disse...

Pois é, hoje, nos EUA, na maioria das vezes, o problema é o oposto do que é no Brasil: lá os roteiristas viraram estrelas e estão sobrepondo os desenhistas. O resultado são histórias chatíssimas, que parecem ter sido feitas apenas para mostrar o quanto o roteirista sabe escrever um bom diálogo. Exemplo perfeito disso é o Brian Bendis. Os roteiros dele não têm história! É só bons diálogos, e nada mais. Uma espécie de Image às avessas. Por outro lado, ainda temos bons roteiristas, que sabem escrever boas histórias e aproveitam bem o potencial dos desenhistas para a ação. O Mark Millar, por exemplo. Mas poucos roteristas conseguiram uma síntese tão perfeita entre todos os elementos dos quadrinhos quanto Alan Moore...