quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Uma coisa interessante em Aldebaran é o contexto político. Como se sabe, o autor, Leo, é brasileiro. Pelas fotos, deve ter pouco mais de 40 anos, o que significa que ele viveu o finalzinho da ditadura militar. Essa experiência reflete na HQ. Aldebaran é dominada por uma ditadura de militares, que se preocupam apenas com interesses próprios. As prisões cheias de presos políticos, as mulheres prisioneiras sendo obrigadas a engravidar para aumentar a população do planeta... tudo isso é resultado das experiências políticas de um autor que vem de um país com pequena tradição democrática, e isso faz com que Aldebaran seja, de certa forma, algo diferente no quadrinho europeu. Embora no final da saga a ditadura seja substituída por uma democracia, esses planetas de terceiro mundo parecem estar destinados a regimes autoritários, tanto que em Betelgeuse, o próximo planeta colonizado pelos humanos, já começa a se esboçar um regime ditatorial. Na maioria dos quadrinhos europeus, regimes ditatoriais é algo contra o qual se deve lutar, mas que ainda não se realizou (como em XIII). Nos quadrinhos do brasileiro Leo, a ditadura já está instalada e é a chegada dos terranos que traz a democracia. Como se vê, mesmo numa história de ficção-científica, a experiência de vida (inclusive política) do autor aparece.

1 comentário:

Ubirajara Goldman disse...

Oi Gian,
Na verdade o Leo tem 61 anos de idade. E ele teve que fugir do Brasil no alge da ditadura. Primeiro para a Argentina e depois para o Chile. Acho mesmo que ele participou de algumas ações, digamos, subversivas. Ele não gosta de falar muito sobre o assunto.
Como vês, continuo lendo o teu blog!
O terceiro volume do Myrkos sai agora em Fevereiro.
Abração,
Miguel.