segunda-feira, julho 10, 2006



Comprei o disco Tropicália, de Caetano Veloso, na minha opinião o melhor disco do cantor. E, entre as músicas, a melhor do disco é No dia em que eu vi-me embora, infelizmente pouco conhecida. A letra usa vários recursos de linguagem, mas o meu predileto é a elipse. Em "minha mãe até a porta Minha irmã até a rua e até o porto meu pai", o poeta omite o verbo foi, tornando muito bonito o texto. A elipse é um recurso muito usado em quadrinhos, mas só os grandes quadrinistas sabem como se faz. Ah, também vale destacar a capa, que lembra os quadrinhos franceses.

No dia em que eu vim-me embora
(Caetano Veloso e Gilberto Gil)
Int.: No dia em que eu vim-me embora minha mãe chorava em ai
Minha irmã chorava em ui e eu nem olhava pra trás
No dia que eu vim-me embora não teve nada de mais
Mala de couro forrada com pano forte brim cáqui
Minha vó já quase morta, minha mãe até a porta
Minha irmã até a rua e até o porto meu pai
O qual não disse palavra durante todo o caminho
E quando eu me vi sozinho, vi que não entendia nada
Nem de pro que eu ia indo nem dos sonhos que eu sonhava
Senti apenas que a mala de couro que eu carregava
Embora estando forrada fedia, cheirava mal
Afora isto ia indo, atravessando, seguindo
Nem chorando nem sorrindo sozinho pra Capital
Nem chorando nem sorrindo sozinho pra Capital
Sozinho pra Capital
Sozinho pra Capital
Sozinho pra Capital...


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1 comentário:

Anónimo disse...

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