terça-feira, março 19, 2024

Livro analisa a cultura pop

 


 

Cultura pop, comunicação e linguagem é uma antologia organizada por Ivan Carlo Andrade de Oliveira (Gian Danton) e Rafael Senra. Divididos em artigos e ensaios, os textos abordam os mais diversos temas dentro do leque da cultura pop.

No âmbito dos quadrinhos, começamos com uma análise da adaptação da história de Conan "A torre do elefante", passando pelo conceito de Gynoid no mangá "Hyper future vision", e até uma interpretação da jornada do herói a partir da saga "Estação das brumas" em Sandman. No campo da música, temos uma abordagem semiótica da capa do álbum "Artpop" da cantora Lady Gaga, e, na interface entre literatura e outras mídias, uma análise de adaptações da obra "The Witcher".

Para completar o livro, os ensaios tratam de representações da Grande Depressão em dois quadrinhos, além das obras de Chris Ware e, para concluir, uma reflexão sobre o papel de Jim Shooter no comando da editora Marvel Comics. 

Para baixar, clique aqui

Rio Pedreira Eco Hostel

 



O Rio Pedreira Eco Hostel fica em Santo Antônio da Pedreira a 45 km de Macapá, indo pela AP 070 (rodovia do Curiaú). São três chalé à beira do rio Pedreira. 

Cada chalé tem o nome de uma localidade: Santo Antônio, Lontra e Abacate. O Lontra é o maior, contando com duas camas de casal e uma cama de solteiro. Os outros têm uma cama de casal e uma cama de solteiro. Os chalés contam ainda com geladeira, fogão, pia, churrasqueira, talheres, pratos e panelas. 

O local não serve comida, então é necssário levar tudo que for consumir, inclusive água. Em Santo Antônio existe uma mercearia que vende itens básicos, como água, ovos e pão. Também é possível comprar queijos regionais. 

O grande atrativo do Rio Pedreira Eco Hostel é a proximidade com a natureza e a bela paisagem. Os chalém ficam próximos da floresta e é possível ouvir todo tipo de sons do mundo animal, incluindo o ritual dos macacos bugios, cujos urros são ouvidos por toda a região. Esse ritual normalmente acontece no início da manhã e da noite. A proximidade com a floresta também torna a temperatura muito mais agradável do que na cidade. 

Outra atração, claro, é o rio. O local conta com um tablado, o que facilita para quem está com criança. Mas atenção: a correnteza pode se tornar forte, então é preciso atenção total aos pequenos. 

Enfim, o Rio Pedreira Eco Hostel é um local para ir com a família, relaxar e se divertir. 

As diárias custam 150 reais por casal (pessoas a mais pagam 50 reais cada - crianças até 6 anos não pagam). As reservas devem ser feitas com a simpática proprietária do local, a Sandra, pelo número (96) 991156162.  

O local conta com três chalés. 


Todos os chalés têm cama de casal e solteiro. Também é possível armar rede. 

A estrutura dos chalés conta com fogão, geladeira e churrasqueira. 

A belíssima paisagem é um dos atrativos do local. 

As refeições podem ser feitas do lado de fora dos chalés. 

Um tablado torna mais seguro o banho no rio Pedreira. 

Perry Rhodan – Na selva do mundo primitivo

 



Na selva do mundo primitivo é o título do livro que fecha a saga iniciada em A fuga de Thora.

Nos livros anteriores, Thora fugira para o planeta Vênus e lá, por não ter a senha adequada, tivera sua nave derrubada pela Base. O mesmo acontecera com Perry Rhodan. Os dois se viram quase sem recursos num planeta repleto de perigos naturais acrescidos de um perigo a mais: os russos da missão asiática, que continuavam no local.

Esse volume é escrito por Kurt Mahr, autor que parece ter uma predileção por histórias que se passam em Vênus. Era também o mais fraco dos três autores iniciais da série. Mas aqui sua narrativa melhorou muito, as descrições se tornam mais claras e mais segura e narrativa funciona bem.

A capa original alemã. 


O maior problema é que a fórmula “humanos sendo ameaçados por dinossauros venusianos”, cansa. Não bastasse a aparição nos dois volumes anteriores, aqui parece que todos os dinossauros do planeta resolveram caçar humanos. Aliás, a própria ideia de dinossauros em Vênus para os leitores de hoje parece forçada.

Esse volume tem um problema comum em outros volumes: muitos ganchos vão sendo jogados e tudo se resolve em poucas páginas, o que muitas vezes deixa elementos sem explicação. Por exemplo: antes da chegada de Rhodan e Thora em vênus, os sobreviventes do bloco asiático estavam literalmente em guerra uns com os outros. No final do volume, parece que a paz finalmente vai reinar no planeta. Mas o que aconteceu com os grupos dissidentes? Todo mundo virou amigo de uma hora para outra? 

Titãs - a série

 


Quando foram divulgadas as primeiras fotos não oficiais da série Titãs, o seriado recebeu uma enxurrada de críticas. Os fãs morderam a língua. Titãs é o melhor seriado de super-heróis de todos os tempos e melhor que 90% de todos os filmes de super-heróis já lançados.
Para quem não conhece quadrinhos, Titãs é baseado no grupo de parceiros mirins da DC Comics. Sim, durante um longo período todo super-herói tinha que ter um parceiro mirim. Batman tinha o Robin, Mulher Maravilha tinha a Moça Maravilha, Flash tinha o Kid Flash e assim por diante.
Na década de 60 a DC teve a ideia de reunir esses heróis mirins em uma revista, Teen Titans. Não deu muito certo. Os personagens usavam gírias da década de 40 ou 50, eram extremamente respeitosos com os heróis principais e tinham a metade do tamanho desses. Ou seja, não agiam como jovens.
Na década de 1980, o roteirista Marv Wolfman, que odiava o gibi quando era jovem, resolveu mostrar como se faz uma série para a juventude. Além de criar novos personagens, como Ravena, Estelar e Mutano, ele mudou a relação dos parceiros com os heróis. Robin, por exemplo, passou a ter uma relação de conflito com o Batman. Foi um sucesso tão grande que levou à criação de três animações (a mais recente voltada ao público infantil) e o live action, criado, entre outros pelo roteirista de quadrinhos Geoff Johns e lançado recentemente pela Netflix.
E o que Titãs tem de revolucionário?
Essencialmente a forma como é estruturado um seriado de super-heróis. Tirando os heróis urbanos da Marvel, como Demolidor, a maioria desses seriados é focada em heróis em uniformes coloridos lutando a cada episódio contra um vilão, em meio a uma grande quantidade de efeitos especiais meia-boca (o orçamento dos seriados é bem menor que o dos filmes).
Titãs quebra com esse esquema ao se estruturar como um seriado de mistério. O expectador não sabe quem são os personagens e, em alguns casos, nem eles mesmos sabem (como é o caso de Estelar e Ravena) e mesmo aqueles heróis que conhecemos como tal desde o início, a exemplo do Robin, têm algo a ser revelado. Além disso, há uma trama maior, que também se revela um mistério - quem quer matar Ravena?
Essa estrutura faz com que o seriado seja interessante não só para os fãs de quadrinhos, mas para os expectadores em geral.
Além disso, muda o foco da trama da ação e os efeitos especiais para o desenvolvimento dos personagens – e esses são muito bem desenvolvidos. Nesse sentido, a escolha de atores foi acertadíssima. Destaque para Teagan Croft, no papel de Ravena e Anna Diop, no papel de Estelar. Aliás, a criticada roupa usada por Anna Diop na série acaba fazendo todo sentido, dentro da proposta do seriado.
Os efeitos especiais, quando aparecem, são em momentos chave, e muitas vezes, nem exigem o famoso CGI. Há uma cena, por exemplo, em que Ravena usa seus poderes que é feita exclusivamente com maquiagem, interpretação e montagem.
Bons diretores já haviam mostrado que para fazer produções sobre seres super-poderosos não é necessário uma fortuna em efeitos especiais – basta uma boa direção, bom roteiro e bons atores. Scanners, filme de 1981, de David Cronenberg, é um exemplo. Mais recentemente, a trilogia de Shyamalan (Corpo Fechado – Fragmentado – Vidro) é outro.
Titãs parece mostrar que a DC aprendeu essa lição: Boa direção, efeitos especiais na medida certa, bons atores, bons roteiros e uma trama que vai num crescendo até o capítulo final.
Se não bastasse tudo isso, há o ótimo capítulo com a Patrulha do Destino (que o tradutor da Netflix rebatizou como Patrulha dos Condenados) e uma visão do Batman muito mais adequada que todos os últimos filmes da DC. A forma como o Homem-morcego - e Gothan - é mostrado na série (ou não é mostrado) é simplesmente genial e lembra grandes obras dos quadrinhos, como Asilo Arkhan.

A balela do balão: entre a realidade e a ficção

 

Edgar Allan Poe lançou as bases de quase toda a literatura de gênero que faria sucesso no século XX: sua obra foi ponto de partida para a fantasia, o terror, a ficção científica e o policial modernos (além de ter criado a base da cibernética). Mas Poe antecipou também a pós-modernidade, sua hiper-realidade e simulacros. No jornal The Sun ele publicou, em 1844, uma matéria jornalística sobre um aventureiro que estaria cruzando o Atlântico em um balão, provocando furor e filas para comprar jornais. Pós-moderno, ele colocou até personagens reais na trama. A história foi depois revelada e o texto virou conto, passando a se chamar "The ballon-hoax". Ficção e realidade se misturavam, antecipando o mundo que vivemos hoje. Poe antecipou tantas coisas que às vezes me pergunto: não estaríamos vivendo uma realidade criada por ele?

Blueberry - Águia solitária

  


O terceiro volume da série Tenente Blueberry apresenta uma estrutura interessante, que lembra uma trama policial. 

Na história, Blueberry lidera a escolta de um comboio de armas e munições. Mais do que levar essas carroças em segurança, ele pretende chegar até o forte no qual está o general que comanda a guerra contra os índios. Blueberry pretende informá-lo que os apaches são inocentes do ataque aos colonos. 

Mas, conforme a caravana marcha, coisas estranhas começam a acontecer. Uma peça de toucinho desaparece, por exemplo. Quem está por trás dessas ações aparentemente sem sentido e com que objetivo? 

Mistério: por que alguém roubaria toucinho? 


Charlier manobra o roteiro de forma inteligente, mantendo o suspense e, quando descobrimos o que está acontecendo tudo faz sentido. É o tipo de coisa que lemos e pensamos: não poderia ser de outra forma, é óbvio. 

Quando esse mistério é solucionado, a trama se transforma num intenso triller de perseguição com os soldados fugindo de um verdadeiro exército de indígenas e tentando sobreviver mesmo com uma absoluta inferioridade numérica. 

Aqui destacam-se as estratégias inteligentes de Blueberry, que aproveita tudo, inclusive as dificuldades do terreno, como forma de defesa. 

Gir mostra seu talento em quadros como este. 


Há uma estratégia comum entre roteiristas de fazer os personagens agirem de forma tola como forma de fazer a história avançar.

Embora um ou outro dos militares aja de maneira idiota, Blueberry jamais o faz. Aqui cada personagem age de acordo com aquilo que o leitor espera sobre eles a partir das pistas deixadas pelo roteirista. Até mesmo quando erram, esses erros da consequência direta dessas pistas, e exemplo do soldado beberrão. 

Blueberry usa tudo a seu favor, inclusive as dificuldades do terreno. 


As dificuldades aparecem como parte das circunstâncias e nunca se maneira forçada, assim como as soluções para as mesmas.

Se Charlier dá uma aula de roteiro, Gir vai se mostrando um desenhista casa vez mais maduro e competente. Embora ainda esteja à sombra do mestre Jijé, ele já começa aqui a apresentar algumas das características que o fariam famoso, a exemplo do impressionante quadro do ataque dos índios à caravana, repleto de personagens e detalhes.

segunda-feira, março 18, 2024

Senhor Milagre – O super-artista das fugas

 


Jack Kirby era uma metralhadora de ideias. Quando foi para DC, criou uma infinidade de personagens que se tornariam parte essencial do cânone da editora. Entre esses muitos personagens estava o Senhor Milagre, uma homenagem de Kirby ao amigo Jim Steranko, que costumava fazer números de fuga.

A capa do número de estreia é uma das mais emblemáticas e impactantes das muitas que Kirby fez para a DC. Com uma perspectiva distorcida e exagerada, vemos o herói preso num foguete. Lá embaixo um mafioso diz: “Adeus, Mister Milagre! Você perdeu a aposta e a vida!”. Já o herói diz que os seus inimigos pensam que armadilha é inescapável, mas terão uma surpresa, enquanto sua figura avançar na direção do leitor. O efeito é impressionante.

Scott Free aparece na hora certa. 


O que vemos a seguir é Oberon prendendo o Senhor Milagre com correntes, colocando-o numa caixa de madeira e botando fogo. Quando um jovem interfere para salvar o herói é que descobrimos que aquele que está sendo preso não é Scott Free, mas Thaddeus, um velho escapista.

Esse começo é uma boa sacada de Kirby, que surpreende o leitor. O problema é que tudo depois disso é forçado.

O vilão tem mãos de aço e uma aposta que não quer perder. 


Scott Free, um meste das fugas, chega na hora exata para salvar o velho escapista de um ataque da Intergangue. Depois é a pessoa certa para substitui-lo. Talvez funcionasse se fosse melhor desenvolvido, mas da forma como foi feito só funciona se o leitor aceitar um monte de coincidências.

Como escapar da grande armadilha? 


Há outros problemas, como os diálogos. Em certos pontos, Scott chega a antecipar a fala de Oberon, indicando até mesmo o valor a aposta que deu origem à história: “Acho que sei o resto... estipularam um valor, algo como dez mil dólares... e fecharam negócio!”.

Explicando: a próxima pandemia

 

Uma boa dica para quem quiser entender o coronavírus é o episódio "A próxima pandemia", da série Explicando, na Netflix. As novas gripes geralmente surgem quando um humano infecta um animal, na qual o vírus sofre uma mutação e depois volta para os humanos. A gripe espanhola surgiu nos EUA quando um fazendeiro infectou um porco, que infectou humanos. 
A razão pela qual a maioria dessas novas doenças surgem na China são os mercados que vendem os mais variados tipos de animais vivos, de cachorros a morcegos. Esses locais são verdadeiros criadoros de doenças, com humanos infectando os mais variados tipos de animais e esses passando a doença para humanos. 
Fica a dica.

Entenda por que os comentários estão sendo moderados

 


 - Gian, entrei no seu blog e tentei comentar numa matéria, mas não ele não foi publicado imediatamente 

- Infelizmente eu tive que acionar a moderação de comentários. 

- Mas por quê? 
- Olha o tipo de comentário que os bolsominions estavam postando. 



- Caramba, são dezenas de comentários iguais o cara já começa te chamando de stalinista! 

- Pois é, virei um "extremista de esquerda stalinista"! 
- Caramba! 
- É o culto à personalidade. Como eles consideram o Bolsonaro um semi-deus, qualquer um que não o idolatre é imediatamente chamado de comunsita, petista, stalinista, dentista, skatista, surfista, remista. E pode colocar na conta vários outros "comunistas": Jim Starlin vira marxismo cultural, Raul Seixas vira marxismo cultural, Alan Moore vira marxismo cultural. E, para eles, comunista precisa ser preso. Para eles a Globo é comunista, a Folha de São Paulo é comunista, o Estadão é comunista. Esse tipo de gente só se informa pelo zap zap e por canais bolsonaristas como o Terça-livre. Qualquer coisa fora disso é comunismo. 
- O cara está te chamando de lulo-petralha?!!!



- Pois é, eu que nunca votei no PT, que sempre critiquei o PT, que na época da faculdade vivia em pé de guerra com os petistas da turma, de repente virei petralha só porque me recuso a idolatrar o mito. 
- E você praticamente nem fala de política no seu blog. 
- Pois é. Mas a estratégia deles é Dart Vader: ou você idolatra o Capitão ou é comunista, stalinista, petista, skatista, surfista, dentista, remista. Teve um "amigo" bolsominions que ameaçou me dar um soco só porque eu disse que político é para ser cobrado não para ser idolatrado. Outro disse que o pior tipo de "comunistas" são os "isentões": isentão aí significa alguém que se recusa a idolatrar o mito deles, mas ao mesmo tempo não idolatra o Lula, que se recusa a tecer elogios à ditadura militar, mas também não elogia a Coréia do norte. Antigamente para ser comunista precisava ser fã do Karl Marx, precisava ler o Manifesto Comunista, precisava acreditar em ditadura do proletariado. Hoje em dia, para ser comunista, basta não idolatrar o mito.
- Ele te acusa de cometer um gesto lulo-petista. Que gesto lulo-petista é esse?
- Me recusar a idolatrar o mito. Para quem escreveu esse comentário, qualquer um que não idolatre o mito está cometendo um gesto lulo-petista. Ou seja, na cabeça dele, está cometendo um crime. São pessoas que só se informam pelo zap zap e por vídeos de teoria da conspiração.
- Caramba, estou lendo aqui. O cara está ameaçando te denuncia... Te denunciar para quem? 
- Para os militres, provavelmente. 




- Estou vendo aqui. Ele te acusa de doutrinar os alunos. Fui seu aluno e você nunca falou de política em sala de aula. 
- Deve ser porque uso camisas da Marvel em sala de aula. Dizem que estou doutrinando os alunos a gostarem da Marvel. Nisso, confesso, sou culpado. Mas em minha defesa posso dizer que gosto da DC quando ela é desenhada pelo Garcia-Lopez.... rsrs... 
- Nossa, o cara diz que vai fazer você perder o emprego! Chega até a te chamar de estelionatário! 
- Só faltou dizer que vai me prender e  torturar pessoalmente para que eu confesse todos os meues crimes...kkkk Tudo isso porque eu me recuso a idolatrar o Capitão. E é esse pessoal que diz que é a favor da liberdade. A liberdade que eles querem é a liberdade de poder denunciar e prender quem pensa diferente deles. E como você pode ver, postaram essas ameaças dezenas de vezes no blog antes que eu bloqueasse os comentários. É por isso que não é mais possível comentar no meu blog. Infelizmente, tive que bloquear essa possibilidade de contato com meus leitores por causa desse tipo de comentário ameaçador.   
- Assustador, melhor manter os comentários do blog moderados mesmo.  
- Pois é. Melhor do que dar voz a gente desse naipe, que só se informa pelo zap zap e acredita em todas as teorias da conspiração possíveis. 

Guia de viagem - Montevideo

 


Montevideo é uma boa opção de destino turístico internacional para brasileiros. É fácil chegar na capital do Uruguai via carro ou ônibus. E a cidade vale a pena, principalmente graças aos edifícios e monumentos históricos. 
Uma ressalva: cuidado com os hotéis. Alguns têm fotos maquiadas no booking. O que ficamos foi um desses, Richmond. A diferença entre o hotel real e o que eu lembrava era tão grande que fiz questão de entrar no site do Booking novo para ver as fotos. Era o mesmo hotel, mas com fotos maquiadas. Além disso, o box para banho era tão pequeno que o jeito foi tomar banho com a cortina recolhida, o que molhava todo o banheiro.
Uma curiosidade é a praia. Montevideo tem muitos quilômetros de praias belíssimas e uma extensa beira Rio. Os habitantes locais descem dos prédios com suas cadeiras de armar, suas garrafas terminacas e cuias, afinal um dos principais programas da cidade é tomar o tererê na beira da praia. Talvez por todos já levarem suas própria bebida, não há quiosques ou vencedores ambulantes vendendo água ou água de coco, como no Brasil. Então, leve sua água. 
Prepare o bolso. A comida é cara. A boa notícia é que geralmente o cliente ganha um desconto se pagar no cartão. Então vale a pena usar o cartão em restaurantes.
O prato típico do Uruguai é o chivito, um sanduíche de prato com carne, batata frita, salada, ovo frito, carne, queijo e presunto. Uma verdadeira bomba calórica, mas vale a pena experimentar.  

Um dos locais mais conhecidos para se comer é o Mercado Del Puerto. Ali o churrasco é preparado na hora, de uma forma muito diferente do Brasil. Como usam madeira, ao invés de carvão, a carne é colocada ao lado do fogo, e não em cima. Há um prato chamado parrilha, que é um mix de carnes. Para carnívoros é literalmente um prato cheio. Além da carne costuma vir apenas um acompanhamento, chamado de guarnição, que pode ser pão, arroz, batata frita, purê ou salada, mas todos são pagos, então verifique o preço de tudo antes de pedir.

Atenção: coma nós balcões e não nas mesas chiques. Como chegamos cedo, vimos a organização. Eles simplesmente jogam no chão as toalhas de mesa e guardanapos e separam os que estão muito sujos. Os que ainda estiverem relativamente limpos são colocados de volta na mesa. 
La Fonda, um restaurante especializado em massas artessanais. 

Próximo do mercado um restaurante que gostamos muito foi o La Fonda, especializado em massas artesanais. As massas e molhos são preparados na frente dos clientes. Comemos um nhoque com creme de champions e nozes que estava simplesmente divino. 
As massas são preparadas na hora, na frente do cliente. 
O prato que comemos: nhoque com molho de  champions e nozes.

Uma das vantagens de Montevideo é que a maioria dos espaços públicos, como praças e praias, tem wi-fi gratuito, o que facilita bastante para consultar um mapa ou chamar um Uber, então faça o login e aproveite. 
Uma boa opção para conhecer a cidade é pegar o bus turístico, que percorre os principais pontos turístico. Uma dica: se for descer em locais como o jardim botânico, leve água: ao contrário do Brasil, não se encontra vendedores ambulantes em nenhum local.
Palácio Salvo, uma das atrações turísticas da cidade. 

Um dos locais mais interessantes da cidade é o Palácio Salvo, com a sua arquitetura única. Construído em... el foi durante algum tempo o mais alto da América Latina e ainda hoje está em funcionamento. É possível fazer uma visita orientada paga e subir no mirante, no qual é possível ver uma bela imagem da cidade por cima. 
Vista da cidade a partir do mirante do Palácio Salvo

Palácio Legislativo.


Memorial aos últimos charrúas (índios que habitavam a região) no Jardim Botânico.

A maconha é legalizada no Uruguai e pode ser encontrada em lojas. 

As propagandas da Coca-cola são com pin-ups. 

As lixeiras de Montevideo são uma atração à parte. 

Livraria Más Puro Verso.
Praça Zabala
A cidade fica à beira do rio da Prata. 
Teatro Solis.

Sete cores da Amazônia

 


A região norte tem uma rica mitologia, geralmente desconhecida pela maior parte da população. Essa mitologia é o assunto principal de Sete cores da Amazônia, um livro infantil na forma de quadrinhos com roteiro e cores de Ademar Vieira e desenhos de Tieê Santos.
O livro conta a história de Sarah, uma menina da periferia de Manaus que vai visitar a avó doente no interior. O primeiro ato é uma boa caracterização da periferia da capital do Amazonas, com suas casas de palafita sobre a água e o cotidiano de seus moradores. Destaque para a cena em que a menina brinca com um amigo percorrendo o lago repleto de lixo dentro da carcaça de uma geladeira.
Mas a história se torna realmente interessante quando a menina e sua mãe viajam para o interior. A peregrinação das duas, de barco, ônibus, carona em um caminhão em uma estrada repleta de lama, tudo é mostrado em detalhes de quem conhece a região e sabe retratá-la. No interior, a menina descobre um outro mundo, muito além deste, povoado por cobras grandes, curupiras e mapinguaris.
O livro segue em aventuras com tom poético até o final surpresa, mas absolutamente coerente.
Há de se destacar a arte e as cores em aquarela, que representam bem o olhar infantil da história. Outro aspecto que merece destaque é a fonte criada pelos autores para ser usado na capa do livro, que remete às pinturas indígenas.
O problema fica por capa, que enrola com o tempo. Uma gramatura maior tornaria o papel mais firme e evitaria esse problema.

domingo, março 17, 2024

O mecanismo

 

Nenhuma boa série se sustenta sem um bom vilão. Narcos tinha Pablo Escobar, interpretado magistralmente por Wagner Moura. O Mecanismo tem Enrique Díaz, como o doleiro em torno do qual gira a trama.
A série começa bastante irregular (a maioria das pessoas que conheci que não gostaram assistiram apenas os dois primeiros episódios). A começar pelo som, horrível. Tive que colocar no volume máximo para ouvir. Além disso, Selton Melo parecia não se encontrar no personagem. Além disso, a narração do próprio Melo era exagerada nesses primeiros episódios, com diversas repetições da metáfora sobre o câncer.
É a partir do terceiro episódio que as coisas começam a se ajustar: o som melhora, Selton Melo some da trama para só aparecer depois, a narrativa se torna menos redundante.
Mas, desde o primeiro momento, Enrique Díaz parece à vontade no papel: esperto, irônico, sarcástico, cínico. Seu personagem é o homem que aprendeu a se virar, saindo da pobreza para se tornar rico lavando dinheiro. É alguém que sabe como as coisas funcionam e resolveu tirar proveito – em todos os sentidos. Logo no começo ele diz que com o dinheiro gasto para fazer uma refinaria dava para fazer duas. Na boca de qualquer outro personagem pareceria didático, forçado. Na boca dele parece natural.
Aos poucos, no entanto, a série vai tomando forma, torna-se menos arrastada, trabalha melhor o suspense, a narração surge apenas em momentos-chave, os atores vão se adequando melhor ao papel... e Enrique Díaz continua roubando cena. Na verdade, ao contrário do filme sobre a Lavajato, que tem algumas das atuações mais lamentáveis que já vi na minha vida, em O mecanismo a maioria dos atores está muito bem, em especial após o terceiro episódio. Enquanto no filme o personagem de Moro parece apenas um comediante querendo parecer sério, no seriado há toda uma sutileza. Duas cenas destacam essa sutileza de atuação: quando as pessoas começam a bater panela, o juiz vai à sacada, seu sorriso e brilho no olhar são quase imperceptíveis, mas estão ali, demonstrações de seu ego (e provavelmente de seu posicionamento político).
O roteiro oscila bem entre os vários fatos, muitas vezes em narrativas paralelas que destacam o suspense ( recurso que Padilha já havia usado bem em Narcos) e, tirando os dois primeiros episódios, a série pega um bom ritmo.
A série provocou toda uma polêmica, em especial graças à fala de Jucá (precisamos estancar a sangria), colocada na boca de Lula. Deu certo. A polêmica foi enorme, o que levou muita gente a assistir ao seriado por pura curiosidade, as ações da Netflix subiram e a série foi confirmada para uma segunda temporada. 
As revelações da Vasa Jato, no entanto, que mostraram as conversas entre o juiz do caso e os procuradores combinando sentenças, devem ter estimulado o diretor a desistir do projeto. O fato de Moro ter entrado no governo Bolsonaro também não deve ter ajudado. Afinal Padilha teve de fugir do Brasil em decorrência de tentativas de assassinato e ameaças da milícias.